Sabemos pela História do Movimento Sindical que, nas primeiras décadas do século passado, a GREVE GERAL era a “bomba atómica” do Movimento Operário. Era uma forma de luta quase pré insurreicional, preparatória da nova sociedade, a sociedade do poder dos trabalhadores!
Com o passar dos tempos e com a consolidação das sociedades democráticas e do Estado Social, em particular na Europa, a Greve Geral foi sempre utilizada como protesto político contra uma situação sócio - laboral inaceitável para o movimento sindical e para os trabalhadores em geral. Não contra a democracia mas contra políticas inaceitáveis e governações autoritárias.
A greve geral é um sucesso quando a larga maioria da população assalariada adere a tal forma de luta.
Em todos os momentos o problema da greve geral enfrenta uma questão incontornável: Uma forma de luta deste tipo não é apenas efectuada pelos dirigentes sindicais. Deve ter a aceitação geral dos trabalhadores. O êxito está garantido quando a vontade dos sindicalistas exprime a vontade da larga maioria da população trabalhadora. Mais ainda quando essa vontade dos trabalhadores se pode exprimir sem constrangimentos de maior.
É verdade que as diferentes formas de luta até agora desenvolvidas tiveram um ponto alto nas grandes manifestações promovidas pela CGTP e nas greves conjuntas da Função Pública! As respostas do Governo não são satisfatórias e exigem novas acções. Mas será a Greve geral a resposta mais adequada para obrigar a negociações e mudança de política?
Neste momento, em Portugal temos vários problemas a resolver. Primeiro, não restam dúvidas de que a maioria dos sindicalistas da CGTP está com a greve geral. Todavia, a maioria dos sindicalistas da UGT não vão pela Greve Geral! Logo uma fracção importante dos assalariados não vai aderir a esta protesto.
Esta situação tem um problema político significativo. Efectivamente uma parte dos assalariados portugueses que votou neste Governo ainda continua afecto ao mesmo.
De facto, o Partido Socialista ganhou as eleições com uma maioria absoluta e nunca se fez uma Greve Geral com este contexto político.
É verdade que ao sabor dos ventos da Europa o Governo efectua ou pretende efectuar reformas quase todas objectivamente num único sentido: congelar salários e diminuir os custos do trabalho, aumentar tempo de trabalho, reduzir despesas sociais, flexibilizar as relações de trabalho, privatizar. Tudo devidamente pactuado com as directrizes da União Europeia. Está efectivamente em curso uma mudança de fundo no Estado e no direito do trabalho!
No entanto, ainda são muitos os trabalhadores que acreditam que estas políticas, quase todas a sobrecarregarem os assalariados, segundo analistas insuspeitos, irão servir para melhorar a vida de quem trabalha. O presente não apresenta ilusões! No futuro iremos ver. Não faltam economias florescentes convivendo com baixa qualidade de vida das populações trabalhadoras.
Perante esta situação a greve geral é apenas uma acção política, ainda com algum impacto, que serve para desgastar o Governo com o aplauso mais ou menos efusivo das oposições e o desagrado de uma parte da população.
Acrescente-se a toda esta situação uma outra não menos preocupante: uma fatia substancial dos assalariados portugueses, inclusive do Estado, tem medo de fazer uma greve geral, um acto claramente político e legal em democracia. Porém, quem disse que a democracia entra em todas as empresas? Um trabalhador precário que faça a greve geral não está a sentenciar o seu despedimento a curto prazo?
Tendo em conta este contexto seria preferível escolher formas de luta mais adequadas aos diferentes sectores, procurando alargar a base do descontentamento e fazendo uma maior pedagogia política, nomeadamente um maior esclarecimento da população para o que está em jogo em cada momento.
Por outro lado, pese as críticas que se possam fazer ao comportamento da UGT em alguns momentos passados e recentes, não restam dúvidas de que o movimento sindical português tem necessidade de dar um salto significativo neste capítulo. A UGT, quer se goste ou não, é parte integrante do movimento de trabalhadores portugueses. Greve geral é greve geral!
Assim corre-se o risco de uma parte importante dos trabalhadores fazerem a mítica greve geral e, daqui a uns meses, terem que fazer outra porque novas alterações estão planeadas ao código do trabalho.
Temos a sensação que a posição das duas centrais sobre a Greve Geral demonstra bem quão pouco autónomo está o movimento sindical português. Uns, apesar de tudo, querem a greve para desgastar o Governo, outros não a querem porque estão, apesar de tudo, com o Governo.
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