ESTÁGIOS PROFISSIONAIS:exploração e roubo ao Estado?


Um Técnico do IEFP decidiu fazer uma breve reflexão sobre os estágios curriculares e profissionais.É o fruto da sua experiencia do dia a dia.Um Portugal bem real onde a exploração da juventude trabalhadora é uma realidade e o engano como modo de vida!Temos um Estado livre e democratico?Então porque será que as pessoas receiam represálias po falar dos problemas?

Estágios Curriculares

Consideram-se Estágios Curriculares todos os que constam do plano de curso do candidato, assumindo um carácter obrigatório para a sua conclusão e ingresso na ordem.

Estes estágios têm uma duração variável, de acordo com o estabelecido curricularmente (normalmente entre 3 e 6 meses).

No final do Estágio, o Estagiário tem dois meses para apresentar o relatório das atividades desenvolvidas. O relatório deve ser organizado de forma clara e sistemática, procurando descrever o percurso de formação do candidato, com ênfase para os elementos da sua integração no mundo profissional, e os elementos relevantes do trabalho específico realizado.

O Orientador deve ter um mínimo de cinco anos de exercício profissional e de inscrição na Ordem, pertencer à mesma Especialidade, e não pode ter no seu registo disciplinar qualquer pena superior à Advertência.

Existem entidades que recebem Estagiários ao longo de todo o ano, colocando como requisitos recomendados “viatura própria, computador portátil” isto é nem fornecem os meios para os Estagiários exercerem a profissão.
É tudo gratuito para a entidade, fica tudo por conta do Estagiário.

Os Estagiários para além das despesas inerentes ao trabalho terão ainda que, suportar as deslocações da sua residência habitual para o local do Estágio, as despesas de alojamento e de refeição nesse mesmo local.
No final da inscrição na ordem, o Licenciado torna-se mais um número de uma lista enorme, torna-se mais um contribuinte para a ordem.
Mas será que essa ordem ajuda os seus profissionais? Nem sempre as ordens trabalham para a credibilização dos seus profissionais ou ajudam os seus profissionais na integração no mercado de trabalho. A esse nível são esquecidos mas não o são enquanto contribuintes.

Estágio Profissional

Trata-se de um programa do Instituto de Emprego e Formação Profissional, IP, tem a duração de 9 meses não prorrogáveis, para pessoas até aos 30 anos (inclusive), com nível de qualificação 4 ou superior, e pessoas desempregadas à procura de novo emprego, com idade superior aos 30 anos e nível de qualificação 2 ou superior, obtido há menos de 3 anos, tendo em vista promover a inserção dos jovens ou a reconversão profissional de desempregados.

Estes Estágios são remunerados em função do nível de qualificação, usufruindo de uma bolsa de formação que pode ir dos 419,22 Euros, para os detentores do nível de qualificação 2, até aos 671,71 Euros para os detentores do nível de qualificação 6,7 ou 8. Sendo que o Instituto de Emprego e Formação Profissional, IP, comparticipa com uma percentagem deste valor em função da dimensão da entidade, podendo ir dos 40% até aos 75%, ficando o restante valor a cargo da entidade.

Acrescendo a esta bolsa temos o subsídio de refeição no valor correspondente ao atribuído à generalidade dos trabalhadores da entidade promotora ou na sua ausência equiparado ao dos trabalhadores em funções públicas ou fornecido pela entidade sob forma de géneros alimentares em cantinas. Este valor é comparticipado na íntegra pelo Instituto de Emprego e Formação Profissional, IP.
O valor do Seguro de Acidentes de Trabalho também é integralmente comparticipado pelo Instituto do Emprego e Formação Profissional, IP.

Nestes Estágios o Estagiário presta um serviço e é remunerado por ele. Com o aumentar da crise económica da população em geral, prolifera a utilização deste programa do Instituto de Emprego e Formação Profissional, IP, para a realização dos Estágios curriculares para as diferentes Ordens.

Trata-se de uma ilegalidade referido no Regulamento Específico do programa no entanto, é cada vez mais utilizado pelos recém licenciados com a conivência das entidades receptoras destes.

Situação mais gravosa, é o facto de muitas entidades “acordarem” com os Estagiários o valor a receber isto é, acordam que lhes pagam um valor de montante igual ao financiado pelo Instituto de Emprego e Formação Profissional, IP. Deste modo o custo para as entidades é de zero euros.
Trata-se de uma irregularidade realizada pelas nossas entidades com a conivência dos estagiários.

Por um lado, temos uma entidade sem recursos financeiros para efetuar novas admissões de pessoal, por outro lado, recém licenciados que necessitam da realização dos estágios curriculares para as ordens. Trata-se de uma relação em que ambos ganham, sendo que a única entidade lesada será o estado português através do Instituto de Emprego e Formação Profissional, IP.



MX. Técnico do IEFP

A CRISE COLOCA A PRODUTIVIDADE À FRENTE DAS PESSOAS!

A Equipa Executiva Nacional da LOC/MTC considera que a atual crise «coloca a produtividade á frente das pessoas«!
Nas conclusões finais dos Encontros de formação  aquele órgão dos trabalhadores cristãos pode ler-se:

..«Constatamos que uma grande parte das famílias está afetada pelo desemprego de um ou mais elementos do seu agregado; que há trabalhadores, com contratos efetivos, que são pressionados pela entidade patronal a rescindir esses vínculos laborais, indo para o desemprego ou então aceitando um novo contrato mais precário; que nas muitas novas ofertas de emprego sobressaem a baixa remuneração e nenhuma para o tempo à experiência na empresa; que são cada vez mais os empregos por tempos muito curtos e com horários incertos; que há empregadores que coagem os desempregados a trabalhar na ilegalidade fiscal, sem quaisquer direitos para os trabalhadores e sem custos para a entidade patronal; que o trabalho já não permite a independência económica e muito menos a realização humana, porque descartam-se sem compaixão os trabalhadores. »LER


UM POEMA PARA LEMBRAR1962

Rui Namorado, Professor da Universidade de Coimbra, lembra num poema muito bonito, e agora publicado no seu blogue ,a crise académica e social de 1962, que teve intensidade particular em Coimbra!«Agora que os morcegos regressaram não esperem de nós que nos deitemos numa cama de medo e saudade»-diz o poema!

Eram de frio as botas do poder,


dentes podres de um medo mergulhado

no simples respirar de cada dia.


Os sacerdotes negros do destino

eram sombras de inverno repetidas,

num abismo sem cor e sem limites.


Mas o vento da história regressou

e o cão foi arrancado do poder,

sem ter sequer a honra do vencido.


Nós fomos breve grão de liberdade,

ali tão rudemente semeado,

num gesto sem temor e sem amparo.


Abril foi então desembainhado

e a colheita nasceu em todos nós,

flor de audácia, gestos de ousadia.


Agora que os morcegos regressaram,

não esperem de nós que nos deitemos

numa cama de medo e de saudade.


Estamos ainda aqui de ideias limpas,

peregrinos que não perdem a memória,

viajantes no tempo que há de vir.



[Rui Namorado]

SINDICATOS EUROPEUS RECUSAM NOVO TRATADO!|

A Secretária Geral da Confederação Europeia de Sindicatos (CES) opõe-se claramente ao novo Trtado aprovado na última cimeira europeia.
É um tratado para  prolongar a austeridade- diz Bernardette Ségol- reafirmando que a Europa deve crescer e ter uma estratégia para o emprego!

Sabemos que em Portugal o novo tratado  foi logo adoptado pelo Governo com reticencias ou recusas dos outros partidos á esquerda!
O Tratado que quer impôr a partir de Bruxelas regras extremamente rigorosas no que respeita aos tetos do deficit não se preocupa assim tanto com o desemprego ou com o dumpingo social !VER

A GREVE GERAL EXIGE ALTERNATIVAS!

A greve continua a ser a principal arma dos trabalhadores e implica sempre o sacrifício de um dia de salário e perdas económicas para o país.No entanto, as recentes aleterações laborais que foram acordadas no Acordo Tripartido e estão na AR para aprovação são um rude golpe nas condições de trabalho e nos direitos laborais dos trabalhadores portugueses consagrados constitucionalmente.


Apelamos, assim, a todos os trabalhadore que adiram à greve geral em nome de algumas exigencias fundamentais com destaque para;

1. O aumento do salário mínimo para 515euros como forma de combater a pobreza e a recessão economica,

2. A recusa em trabalhar sem pagamento. Trabalho extraordinário deve ser pago extraordinariamente;

3. A recusa em perder feriados que consagram valores e tradições culturais do povo português;

4. A recusa em trabalhar mais tempo quando se poderia trabalhar menos com melhor produtividade e equilíbrio social e familiar;

5. A recusa do medo e a falta de liberdade nas empresas

6. A necessidade de operacionalizar a inspeção do trabalho para impedir a vertiginosa degradação das condições de trabalho em muitas empresas

7. A recusa em permitir o despedimento nos termos em que estão propostos;

8. A recusa em diminuir os montantes e tempos do subsídio do desemprego;

A GREVE GERAL é também um grito contra a pobreza e pela liberdade! As políticas de austeridade sem investimento e sem aumento salarial são o caminho para a destruição dos países da zona euro!

É urgente, porém,  que as lutas dos trabalhadores portugueses e europeus não sejam em vão!Será necessário construir um compromisso político para disputar o poder a esta direita destruidora dos direitos laborais e da Europa Social!Não basta criticar e lutar para desgastar!É necessário criar alternativas!

DIGNIDADE NO TRABALHO! Um desabafo significativo!

M. foi convidada a participar no Encontro promovido pela Comissão para os Assuntos do Trabalho da BASE-FUT que teve lugar no passado dia 10 na Marinha Grande.Por motivos pessoais não pôde participar.Todavia M. trabalhadora num grande grupo empresarial portugues, mandou uma mensagem que publicamos, embora pedindo o anonimato.Destacamos uma parte dessa mensagem:

«....Agradeço que se a minha visão está deturpada perante isto que me digam. Tanta coisa que se vê que não é justa, nem correcta, nestes pequenos reinados das empresas que pertencem ao grupo.

Então, se um coordenador vai fumar de 2 em 2 horas, e demora 20 minutos, entra às 10 h da manha, e sai depois as 19h00 ou 19.30 h, que produtividade têm estes homens com quarenta e poucos anos após um dia de trabalho? E outro que quando chega de manhã, abre o PC no rés - do - chão e sobe ao 1º andar para fazer o aperto de mão e bom dia a todos os gabinetes?

E a procissão do fim do dia, a partir das 18.30, até o gabinete do chefe?

Homens que choram no trabalho!


E o desprezo, e chamo desprezo ao trabalho de pessoas com 35 e mais anos de casa, quando lhes dizem que não há trabalho e tem que ficar na central sem nada para fazer, dias seguidos sem lhes dar qualquer justificação, ou são convidados a sair …… E os vencimentos cortados, porque estão na forma de subsidio, mas só desde de determinado escalão. Há pessoas com as despesas feitas a contar com aquele dinheiro, subsídios que tem 10 e 20 anos no recibo. Homens com 55 anos a chorarem, pela falta de dignidade com que são tratados!

O mau ambiente entre colegas, a dança da cadeira, como costumo dizer …a intriga….

Se tudo isto acontece agora, no futuro será ainda mais grave, penso eu.

O que se passa mais grave é realmente retirar vencimento (subsidio), que conjugado com o aumento dos transportes, implica alguma dificuldade.

O que vai acontecer é uma corrida aos anti-depressivos, para podermos trabalhar sem os nosso princípios que os nossos pais nos deram, já não existem, parece mal… quanto mais sacaneares o outro mais inteligente….

Aquela mentalidade de fazer o trabalho, já não existe….temos de safar a nossa pele, se não é nosso, quem vier que feche a porta, ou então ser o mais profissional possível, para o trabalho ser bem feito, mas, os mais profissionais e correctos, são sempre os que não são reconhecidos …….

Retiram-se vencimentos, mas fazem-se obras desnecessárias de luxo……e compram-se carros topo de gama……para alguns ….

Peço desculpa pelo desabafo, é mesmo a deitar fora, porque considero uma afronta a quem gosta de trabalhar, e ser correcto com o seu colega de trabalho.

Vida familiar e profissional

Já que no programa também refere os idosos, esse é outro grande problema, porque o escalão etário dos 50 anos, tem normalmente um idoso a cargo, e conjugar as idas ao hospital ou ao médico, com os horários de trabalho, não é tarefa fácil.
No meu caso, da parte dos superiores, não tenho razão de queixa, mas da parte dos colegas não foi, nem é, nada agradável, porque o que é usado é a intriga e as conversas de corredor perto dos gabinetes dos chefes. E o tal bullying de que agora é moda falar-se, existe. A nossa formação tem de ser superior a isto e, penso eu não devemos ter medo, mas tudo passa também pela sorte.

Agrava-se porque os apoios sociais são poucos, mesmo sendo os lares de apoio diário numa media de 220 €/mês, para o idoso que não pode estar só em casa, e chega as 17 h, tem de ficar só mais 3 h , ou então será outra despesa pagar a alguém que tome conta .
Quer haja muitos irmãos ou pouco o problema mantém, os nossos horários não estão preparados para estes problemas, trabalhamos longe, ou se era perto mudaram-nos para mais longe de casa. Caso vá para um lar a tempo inteiro, a despesa mensal vai de 700 € até 1000€. E se fica acamado, então piora. Os apoios sociais existentes (Lares) são no sentido do lucro. O idoso pode viver so, mas eles querem o IRS dos filhos. A reforma de 300 € dá para pouco e os ordenado são baixos para suportar essa despesa, isto para um português medio, que passou a classe media baixa com todos os cortes no vencimento.

Espero poder colaborar mais vezes, e estar presente.
Se o que escrevi não servir de nada, não tem importância, mas há muita gente nestas situações.
Não há com quem falar, porque se criou um status de parecer bem.

Já me disseram “ não posso dizer que tenho pouco dinheiro a ninguém….parece que só eu é que estou assim…”, respondi que eu também. Mas o que se passa é aquela mentalidade do ter. Eu respondi, se os tempos são difíceis teremos de ser mais unidos!
lutem sempre....»



JOVENS E SINDICALISMO!

Nas décadas de 70, 80 a adesão ao sindicalismo era uma necessidade inerente ao clima laboral da época. Presentemente verifica-se um desinteresse crescente pelo sindicalismo.

Na senda da precarização do trabalho, os jovens mostram receio de aderir aos sindicatos. São vários os motivos para esta não aderência.

Em primeiro temos o receio que a entidade patronal saiba que é sindicalizado(a), e que daí infira que é um trabalhador(a) que gosta de revindicar, logo que irá trazer problemas para a empresa, mesmo que este seja um trabalhador(a) precário(a). A cada vez maior falta de emprego leva os jovens a aceitarem um emprego com baixas remunerações e baixas condições de trabalho, ou seja, o que interessa é aceitar um trabalho a qualquer preço.

Em segundo, a desacreditação nos sindicatos. Os jovens trabalhadores (as) de hoje não acreditam que os sindicatos resolvam os seus problemas. São cada vez mais e mais frequentes as noticias de que num confronto empresa/sindicato, as empresas ganham as causas, e os trabalhadores (as) são prejudicados (as), na sua posição na empresa ou na perca do seu posto de trabalho. Do seu ponto de vista os sindicatos não se modernizaram, e não estão capacitados para resolver os seus problemas. Sentindo que lhes sai mais vantajoso, numa situação de conflito, contratarem um advogado(a) pelos seus próprios meios.

Em terceiro a partidarização sindical. Os jovens têm a ideia de que os sindicatos se encontram ligados a alguns partidos políticos ou são de uma tendência partidária. Logo não lhes convêm serem conectados com qualquer destas situações.

No clima laboral actual, surge o(a) trabalhador(a) clean, os seja aquele(a) que não se encontra ligado(a) a partidos politico, nem a sindicatos, não fuma e não bebe, ou seja é aquele(a) que tem mais possibilidades de ter/manter o seu posto de trabalho.

Alguns factores que contribuem para a não participação nos sindicatos:

• Individualismo (

• Competitividade entre trabalhadores (A progressão na carreira

• Medo (medo de ser despedido, ou de não lhe renovarem o contrato)

• Eminência do desemprego (com o aumento da taxa de desemprego e o encerramento quase diário de postos de trabalho)

• Partidarização dos sindicatos

• Falta de credibilidade de alguns dirigentes

• Factor económico (muitas pessoas não suportam

• Falta de solidariedade

Jorge Santana, sindicalista e membro da Comissão de Trabalhadores da REPSOL (Sines)

Ver ainda Elísio Estanque

LIVROS QUE TOMAM PARTIDO! -ciclo de conferencias no República e Resistencia!

No ambito de um ciclo de conferencias sobre a edição do livro político em Portugal no período 1968-1982 , vai ter lugar, no próximo dia 20 pelas 18,30 horas, na Biblioteca-Museu República e Resistencia a 3ª conferencia «RELATOS DE EXPERIENCIAS-AS EDITORAS DA REVOLUÇÃO 1974-76 com a participação de Ferando Abreu, Presidente da BASE-FUT e responsável pelas «edições BASE».

3ª Sessão


20 de Março de 2012


Relatos de experiências: As editoras da Revolução, 1974-1976:


- Francisco Melo (Da UNICEPE à Editorial Avante!)

- João Soares (editora Perspectivas & Realidades)

- Fernando de Abreu (Edições Base)

- Comentador: Prof. Nuno Medeiros (FCSH/UNL)


Horário: 18:30 horas.



Local: Biblioteca-Museu República e Resistência – Grandella


Estrada de Benfica, 419, Lisboa.



Expositor: Flamarion Maués, doutorando em História na Universidade de São Paulo e investigador do Instituto de


História Contemporânea/UNL. Bolsista da Capes/Brasil Email: flamaues@gmail.com

Pesquisa realizada com o apoio da Fundação Calouste Gulbenkian, Portugal.

Biblioteca-Museu-República e Resistência, Março de 2012.

ALTERNATIVA NÃO É DESEMPREGO OU TRABALHO ESCRAVO!É TRABALHO DIGNO!

Decorreu no passado sábado na Marinha Grande um Encontro alargado da Comissão dos Assuntos do Trabalho (CAT) da BASE-FUT.O desemprego e o papel das organizações de trabalhadores foram os temas de debate e convívio de algumas dezenas de pessoas locais e de outras regiões do país!

A experiencia da maioria é reveladora de que naquela terra muito se lutou e luta ainda pela emancipação dos trabalhadores.Experiencia alguma bem dolorosa , mas também de esperança em resistir á atual ofensiva deste capitalismo selvagem.
O desemprego atual é fruto de políticas concretas.Um desemprego que pode vir a ser também um negócio, se destruirem os centros de emprego e colocarem os seus trabalhadores a trabalharem para as agências privadas de emprego, que alguns querem implementar e ganhar muito dinheiro com isso, numa santa aliança com as empresas de trabalho temporário!

As alterações á legislação laboral decorrentes do Acordo recente assinado pelos patrões ,Governo e UGT.Em destaque esteve a questão do tempo de trabalho e em particular o «banco de horas» bem como o despedimento.

O sindicalismo e os jovens, as formas de luta atual, inclusive a Greve Geral ,estiveram no centro do debate.Como contrariar esta ofensiva que retira direitos e cria uma onda de despedimentos?É ncessário criar condições para uma ampla aliança social e política.Só os sindicatos não chegam para alterar a situação e muito menos cada país por si.
Além de um excelente almoço em casa do Francisco, feito o debate, ainda houve tempo para, ao fim do dia, se comer sopa no «SOPÌSSIMA» o festival de sopas organizado pela Juventude Operária Católica de Leiria!
Está prometido um documento sintese e com propostas futuras.Já temos gente a organizar um novo Encontro alargado para os lados do SUL atlantico (polo de Sines)É preciso animar a Malta!

SINDICALISMO É UMA FORÇA E UMA VANTAGEM SOCIAL(I)


Ocorre nos últimos tempos uma forte crise económica motivada pela globalização capitalista totalmente desprovida de preocupações de carácter social. O capitalismo aproveitando as circunstâncias deste momento histórico, tem sido o fomentador e o principal responsável pela mesma crise de que tira proveito, cujas principais consequências estão no empobrecimento progressivo de vastas camadas de população principalmente das mais débeis. Os trabalhadores vêm-se obrigados a perderem direitos, a reduzir as suas condições sociais, o que acaba no fundo por atingir toda a sociedade em geral.

O capital ao concretizar este modelo de globalização, aposta na redução dos

rendimentos do trabalho, permite e facilita as deslocalizações de empresas para

paraísos fiscais e ambientais e atinge o direito ao consumo, mesmo daquele que é

sustentável. Fazem-no sempre em nome do mercado e da lei da procura e da oferta.

Esta situação leva ao aumento da concorrência entre os produtos produzidos na Europa e

nos “paraísos”, fazendo crescer o número de desempregados e tornando o emprego cada

vez mais escasso nos países intermédios e nos desenvolvidos. As consequências fazem-se

logo sentir na diminuição ou destruição dos direitos sociais, condição fundamental para

a implementação de uma sociedade de carácter neo-liberal.

O desenvolvimento desta estratégia coloca debaixo de fogo a maioria dos trabalhadores

atacando os seus Sindicatos através de medidas legislativas adaptadas aos seus

objectivos neo-liberais. Assim, foram sendo eliminados ou reduzidos muitos direitos já

conquistados ao longo de muitos anos de sacrifícios e lutas. Considera-se que medidas de

desemprego maciço servem para domesticar os trabalhadores levando-os a aceitar mais

sacrifícios. Além disso, abriram-se campanhas de confusão sobre os seus direitos

adquiridos dando a ideia de que se trata de direitos menores, pouco legítimos, face á

crise. Pretendem destruir os direitos laborais à revelia da constituição porque nem

sequer se dignam respeitar os compromissos assinados em sede de concertação social

pelas partes, em especial aquela que diz respeito aos trabalhadores.

Esta estratégia tem ainda outra frente de ataque tentando credibilizar e instalar o

modelo neo-liberal. São os fazedores de opinião, nomeadamente através da manipulação

dos órgãos de comunicação social, muitos deles são propriedade dos grandes grupos

económicos ou interesses instalados.

SINDICATOS DEBAIXO DE FOGO

A organização Sindical é reivindicativa e defende os trabalhadores desde que foi criada

há muitos anos, por isso granjeou grande prestígio nas conquistas que alcançou na

negociação e na luta, dentro e fora das empresas. A sua existência é e tem sido uma

vantagem para os trabalhadores porque é uma organização representativa de pessoas e

colectivos, é activa e deve ser dirigida pelos próprios trabalhadores com total autonomia

e independência. É por isso que há um fortíssimo ataque aos Sindicatos pelo papel que

desempenham junto dos trabalhadores e da sociedade em geral, porque são a primeira

organizaçãoassociativa verdadeiramente vocacionada para a defesa dos trabalhadores,

mesmo aqueles que não são seus filiados estão abrangidos pelos benefícios e pelos

acordos negociados em contratação colectiva. A negociação dá garantias em muitas

matérias sociais como é o caso dos salários justos e dignos ou das garantias de acesso aos

direitos sociais mínimos já alcançados.

São os Sindicatos mais activos e conscientes, que mais lutam usando o seu poder

principalmente o da persuasão, arma usada muitas vezes sem terem os meios mínimos e

necessários para a acção Mas a razão e a vontade não têm deixado de motivar os

trabalhadores que de uma forma desigual, mas com os meios que possuem sempre

conseguem contrariar algumas tendências mais conformistas de abandono das causas e

das lutas por alguns Movimentos e Sindicatos mais conservadores.

Vivemos numa sociedade que ainda não beneficiou directamente dos enormes avanços

tecnológicos e capacidades produtivas agora ao seu alcance e que podem proporcionar

um melhor bem-estar e até garantir uma estabilidade nos empregos e nos direitos como

nunca antes foi atingido. Mas, o que se verifica é que se está a perder o futuro social ao

não se distribuir de forma justa as riquezas criadas pelos trabalhadores, a favor do

modelo de sociedade que só as distribui pelos accionistas e proprietários e apenas vê e

privilegia o desenvolvimento do “capital”.

Muitos políticos e economistas não se apercebem das desmotivações e receios existentes

no seio dos trabalhadores que actualmente sofrem sacrifícios e ameaças de

despedimentos, horários longos e mal pagos, deslocalizações e mesmo retaliações. Uma

nova chaga está chegar através do assédio moral nas empresas, levando muitos

trabalhadores ao stress e ao seu próprio suicídio.

Muitos trabalhadores aceitam penosamente os sacrifícios e partem mesmo para um certo

conformismo degradante para a sua auto-estima e o seu nível de vida. A mecanização,

automatização, a informática e novos métodos de gestão de recursos permitem como

eles dizem, dispensar (despedir) muitos milhares de trabalhadores em Portugal

ultrapassando o milhão (36% dos jovens dos quais 56% são mulheres). Por vezes os

trabalhadores são acusados de serem os causadores da crise pelo facto de alguns

receberem subsídio de desemprego, ou porque estão doentes e consomem

medicamentos, ou são velhos e recebem pensões, ou grávidas com licenças de

maternidade. Todos são apelidados de parasitas por inactividade que põe o país sem

capacidade competitiva. Os Sindicatos denunciam esta manipulação e querem um novo

crescimento da economia tomando em conta o desenvolvimento tecnológico e pondo-o

ao serviço também dos cidadãos.
 
Joao Lourenço, sindicalista e ex-dirigente da CGTP


ENFRENTAR AS MUDANÇAS NO TRABALHO! TRABALHO DIGNO!

A Base-Frente Unitária de Trabalhadores, através da sua comissão especializada em trabalho e sindicalismo, a CAT, organiza no próximo dia 10 de Março, na Marinha Grande, um Encontro alargado sobre o tema «como enfrentar as mudanças laborais no tempo presente»! No centro de debate está o desemprego galopante que atinge o nosso País, fruto das políticas económicas dos últimos tempos e das políticas de austeridade implementadas pelo FMI,CE e BCE.

O que podem e devem fazer as organizações de trabalhadores perante este quadro de desemprego nunca visto e perante a mudança nas relações laborais que estão subjacentes ao acordo social recentemente aprovado pelo Governo, patrões e UGT?

Cada país da UE vai enfrentando todas estas políticas de forma isolada, sem uma resposta articulada e eficaz do movimento social e sindical!

A greve, e nomeadamente a greve geral, é um instrumento histórico de defesa dos trabalhadores. Todavia, com a crescente precarização e o aumento dramático do desemprego torna-se muito mais difíl a mobilização dos trabalhadores. No último ano duplicaram os despedimentos coletivos e a nova legislação do trabalho comporta a facilitação do despedimento individual e, em suma, um conjunto de mudanças laborais que transformam o trabalho cada vez mais num mero fator, sem dignidade e configurando uma nova forma de trabalho escravo!

A alternativa para os trabalhadores e para as suas organizações e outros movimentos do trabalho, enfim para uma sociedade democrática, não é entre desemprego ou trabalho escravo. A alternativa é trabalho digno!«Não nos façam sair para a rua!», cantava o amigo e companheiro José Afonso! Estas políticas da austeridade e de perda de direitos laborais obrigam-nos a vir para a rua! Obrigam-nos a ir para a greve!

Para animar o debate do Encontro estão previstas pequenas intervenções de:

Antonina Rodrigues-Técnica do Emprego e Formação Profissional/CAT
Jorge Santana-C.T. da Repsol, Sines e sociólogo/CAT
João Lourenço-sindicalista/CAT e ex-dirigente da CGTP