UMA ECONOMIA MAIS HUMANA!

Artigo de João Lourenço


Vivemos numa economia moldada pela globalização, ela é marcada pelos poderes e decisões sobretudo dos grandes grupos económicos das transnacionais do chamado mercado livre neo-liberal este sustenta uma espécie de guerra fria de influência económica gerando grandes assimetrias sem ter em conta as diferenças de desenvolvimento e geográficas.
Nesta globalização são muito valorizados os resultados obtidos pelas empresas numa competitividade sem justiça para com a sociedade humana. Parte para um único grande objectivo o de aumentar os rendimentos para distribuir não pela cadeia de todos os que contribuíram para a sua realização nem para a melhoria geral da sociedade, mas quase exclusivamente para os seus accionistas.

Este modelo económico está a gerar crises pelo mundo

Este modelo que nos últimos tempos tem influenciado a sociedade, está a gerar crises pelo mundo fora apesar dos enormes avanços das ciências e nas relações entre os povos. Tem uma grande capacidade de produção e de troca de bens mas não vemos resultados nem os problemas melhorados.
O desemprego e a pobreza está a crescer ao mesmo tempo que a riqueza e isto deveria mostrar o contrário. O modelo de desenvolvimento está colocar em grave perigo a sustentabilidade quer ambiental quer a social. Também por excesso de especulação fomentou-se o sobre endividamento em milhões de famílias, que agora estão em apuros e insolventes em particular por não poderem pagar a sua habitação.
O futuro próximo tem previsões altamente promissoras em quase todas as vertentes na melhoria de qualidade de vida, está em fase muito adiantada os novos medicamentos para doenças até agora sem cura e isso trará certamente para a vida humana uma melhor qualidade e mais longa. Terá consequências para a segurança social e para a sustentabilidade dos esquemas de reforma, mas se houver uma justa distribuição da riqueza haverá mais rendimentos para suprir as dificuldades.
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Enquanto o emprego for insuficiente para os jovens não tem sentido apostar no alongamento da idade de reforma, mas deve-se deixar a liberdade de cada um de escolher por sua vontade própria, o de continuar ou não em actividade laboral. Também se deve de incentivar os idosos a libertarem o seu emprego deixando o lugar aos mais novos. E então se quiserem poderão ocupar o seu tempo em iniciativas ou no voluntariado.
È preciso uma nova organização da economia sem pôr em causa o desenvolvimento corrigindo o que está mal, isso passa por novas apostas e não por mudar os direitos dos trabalhadores como é a proposta para baixos salários, ou para o aumentar a idade para a reforma.
Uma economia mais socializada não é o que querem os lobbies em acção, também estão dentro da União Europeia assim como as grandes empresas que pretendem liquidar o pequeno comércio. Os exemplos são esclarecedores a legislação está a impor medidas que vão certamente restringir o desenvolvimento e provocar o encerramento de muitas pequenas empresas e lojas porque as medidas sanitárias e outras ficaram incomportáveis.
Nas lojas as prateleiras têm que ser de plástico, nos restaurantes as torneiras têm que ser de pedal etc. . O pequeno comércio, os artesãos que insistam em produzir bens com sabores tradicionais e caseiros são asfixiados pois exigem-se medidas de homogeneização e desinfecção de tipo industrial , fora do alcance da maioria dos caseiros confeccionadores .
Se as leis forem levadas ao seu extremo o desemprego crescerá, e uma boa parte dos nossos restaurantes encerraram para sempre por não cumprirem as regras apertadas mas em contra partida os grandes grupos cresceram nas grandes superfícies, nos grandes restaurantes e mais embalagens homologadas e mais desperdícios e mais lixo para as reciclagens que também dão rendimentos a quem as produz e recicla.

Olhar para a economia social

Mas a tradição e os sabores ficaram ainda mais pobres são uma saída bem nacional para combater o desemprego até atingirem a sustentabilidade económica e melhorar a sua produção quantas famílias e micro empresas dependem dessas iniciativas agora poderão vir a engrossar o número dos desempregados e de subsidio dependentes.
È altura de haver uma verdadeira mudança no apoio ao modelo económico, aproveitando o novo quadro de apoio da EU, para isso não pode apoiar só os grandes empreendimentos privados, os pequenos também e é preciso olhar para a economia a social e apoiar a sua implementação em todo o terreno onde esteja presente e tenha iniciativa. Ela é de âmbito nacional, tem uma mais valia e uma vantagem, não é pertença dos grandes grupos nem de multinacionais, está sempre sujeita ao controlo do seus associados por esse motivo é mais social e não pode ser deslocalizada. Também porque não visa distribuir dividendos, mas reinvestir o lucro dá melhores garantias de continuidade e de futuro.

João Lourenço, sindicalista, membro da Comissão Executiva da CGTP e responsável pelo departamento do consumo , ambiente e desenvolvimento sustentável. Militante da Base -FUT.


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