CRISE PODE GERAR REVOLTA SOCIAL!



Joaquim Fernandes in "Diário do Minho" de 26 de Maio

A crise social que se vive no distrito de Braga está a converter-se num "barril de pólvora" e a situação pode ficar fora de controlo se não forem tomadas medidas para combater os milhares de casos dramáticos gerados pelo desemprego que afecta dezenas de milhar de trabalhadores.

A gravidade da situação levou ontem a Coordenadora das Comissões de Trabalhadores do Distrito a solicitar a intervenção urgente do Governador Civil e da Segurança Social de Braga. «Ou isto anda num outro sentido ou não sabemos onde irá parar, porque a situação que se vive no distrito de Braga está a levar as pessoas a "falar caladas".E quando a revolta começa de uma forma silenciosa, pode levar a uma situação de revolta e grande descontrolo social», avisou Manuel Bandeira, deixando claro que «é cada vez maior o número de famílias» do distrito que entram na zona da pobreza.

O sindicalista falava numa conferência de imprensa em que foram reveladas as principais conclusões de uma reunião alargada, realizada na manhã de ontem, durante a qual várias comissões de trabalhadores analisaram a situação económica e social no distrito de Braga.

Alegando que a grande parte dos quase 50 mil trabalhadores que estão sem trabalho continuam à espera dos créditos que lhes são devidos pelas empresas que «os lançaram no desemprego, com salários em atraso», aquele sindicalista defendeu que além da intervenção de Fernando Moniz, «também a directora da Segurança Social de Braga deve intervir», no sentido de minimizar as carências dos desempregados que se encontram sem rendimentos que lhes permitam viver com dignidade.

«Existe um Fundo de Garantia Salarial que devia ser utilizado para adiantar aos desempregados os valores correspondentes aos créditos que possuem sobre as empresas onde trabalharam, porque a Segurança Social pode reaver esse dinheiro, caso os trabalhadores acabem por receber o que lhes é devido pelas empresas», sublinhou o sindicalista afecto à União de Sindicatos de Braga, vincando que está nas mãos de Maria do Carmo Antunes o poder de accionar o Fundo de Garantia Salarial.«E não se venha dizer que não há dinheiro, porque um país que pode esbanjar milhares de milhões de euros para cobrir fraudes bancárias tem de ter dinheiro para os desempregados», referiu Bandeira, que desafiou Fernando Moniz a sensibilizar o Governo chefiado por José Sócrates para a tomada de medidas que «conduzam à recuperação do emprego no distrito de Braga».

A concessão de apoios às pequenas e médias empresas, «não necessariamente em dinheiro», é a prioridade preconizada pela Coordenadora das Comissões de Trabalhadores, que pede também a Moniz que promova o entendimento entre a Segurança Social e a Autoridade para as Condições de Trabalho sobre as condições em que deve ser autorizado o recurso ao "Lay-off", a que algumas empresas têm recorrido «apenas para aumentar os seus lucros».

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