CONGRESSO DA BASE-FUT-Devolver a esperança...



«O XV Congresso Nacional da BASE – FRENTE UNITÁRIA DE TRABALHADORES, vai realizar-se num momento particularmente difícil para os trabalhadores e para os cidadãos em geral» -diz Joao Paulo Branco Coordenador Nacional desta Organização criada na Costa de Caparica em Novembro de 1974, num plenário de mais de uma centena de trabalhadores, na sua maioria oriundos dos movimentos de trabalhadores cristãos que lutaram contra a ditadura pela democracia!
«O nosso país encontra-se num momento de grande dificuldade e de grandes alterações políticas e sociais. A chegada ao poder da direita deu-se no pior momento para os trabalhadores e, coincidentemente, no melhor momento para os neoliberais que dominam o atual governo-acrescenta o Coordenador da BASE - FUT que explica melhor a sua ideia:

«Sim, neo- liberais, porque as politicas que aplicam e defendem tão empenhadamente nada têm de social-democracia ou de democracia cristã. Politicas onde as pessoas são sistematicamente deixadas para último lugar, onde a dignidade dos trabalhadores, dos mais idosos e os sonhos dos jovens são todos os dias postos em causa. São políticas claras de um neo-liberalismo desenfreado, que em certos momentos parecem querer acertar contas com a história mais recente do nosso povo.

No último ano, temos sido bombardeados com discursos que insistem em fazer-nos querer que somos os culpados por toda esta situação, que somos os responsáveis pela crise, porque fomos irresponsáveis e vivemos “acima das nossas possibilidades”.

TRABALHADORES NÃO SÃO OS RESPONSÁVEIS PELA CRISE!

Há anos coordenando uma organização de militantes sociais, a BASE-FUT, com vastas relações internacionais, e simultaneamente empregado numa multinacional do ramo automóvel, João Paulo considera que esta crise é injusta para os trabalhadores e afeta em especial o nosso país e a Europa:

«Estas acusações não são apenas uma tremenda injustiça, como são tremendamente falsas pois se houve alguém que não foi responsável por esta crise foram os trabalhadores, os reformados e os jovens.»
Se esta crise tem responsáveis-diz-nos João Paulo- eles podem ser facilmente identificados. Foram aqueles que sistematicamente insistiram em viver da especulação financeira, que sistematicamente nos tentavam convencer de que não precisávamos do Estado, que os mercados se auto regulavam, que o futuro das nossas sociedades passava somente pela iniciativa privada, pois tudo o que era público era mau e despesista» e acrescenta ainda João Paulo:

«Convém também dizer que esta crise não é uma crise de Portugal, mas sim uma crise da Europa e do mundo. E neste cenário, Portugal sendo um país periférico e pequeno, tem vindo a sofrer de uma maneira muito intensa esta crise, não porque fomos maus alunos e despesistas como alguns querem fazer querer, mas sobretudo, porque tal como agora nos mandam ser austeros, noutros momentos ainda do passado recente disseram-nos que devíamos consumir.»

FORTE CRISE DE SOLIDARIEDADE NA EUROPA!

Na opinião de João Paulo a crise da Europa é sobretudo uma crise de solidariedade e, em particular, com os pequenos países:

«A esta Europa faltou, neste momento de crise, um dos seus pilares principais: a solidariedade. Também a justiça tem estado alheada da Europa, pois não é justo que, enquanto alguns, os poderosos, não cumpriram com os limites de deficit não resultando daí qualquer problema, agora, que são sobretudo os mais pequenos a fazê-lo, é muito grave e devem até ser sancionados - esta não é a Europa do Tratado de Roma.»

Concluindo a sua reflexão, João Paulo apela a uma maior participação social e política dos cidadãos:
«O objetivo desta reflexão não é uma análise política da situação, mas sim dizer-vos que, perante este cenário de tamanhas injustiças e de grotescos ataques ao estado social e ao estado de bem-estar, é necessário, mais uma vez, sairmos do nosso “conforto” e participarmos activamente na sociedade civil. Só através de uma participação activa e contínua poderemos garantir que o presente não se torne em passado.
Actualmente muitos dizem que isso de direitos adquiridos é algo que não existe, que era uma falsa assunção. No entanto, creio que a melhor maneira de preservar os nossos direitos é nunca permitir que os mesmos sejam postos em causa e isso só é possível através de uma cidadania activa e forte, de uma participação cívica responsável.»


AUMENTAR A PARTICIPAÇÃO CÍVICA!

Para o Coordenador Nacional o Congresso da BASE-FUT inscreve-se no quadro desta necessária participação cívica:

«O nosso Congresso vai ter lugar num momento particularmente difícil, mas também é verdade que temos a oportunidade de realizar um Congresso num momento em que a nossa sociedade, e em particular a sociedade civil, mais precisa de momentos de reflexão e aprofundamento sobre a sociedade moderna, sobre a valência das nossas democracias.
Neste contexto, será então importante que consigamos que o Congresso da BASE-F.U.T seja um momento de enaltecimento da democracia participativa e da defesa dos trabalhadores e dos mais desfavorecidos, um momento de devolução da esperança que tanto insistem em roubar-nos, um momento de transformação do presente para podermos refazer um futuro melhor.»

















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