«A pergunta é antiga, mas parece ganhar cada vez mais pertinência:
"Quais os maiores constrangimentos à liberdade de imprensa que os
jornalistas portugueses enfrentam hoje?". A questão foi endereçada por
Felisbela Lopes, professora da Universidade do Minho, a cem jornalistas de
vários meios de Comunicação Social, e dos testemunhos resultou um
livro-resposta: "Jornalista, profissão ameaçada".
A obra chega amanhã ao mercado e pretende ser um contributo para relançar uma
discussão de que todos - jornalistas, políticos, sindicatos, sociedade civil -
parecem ter-se demitido, afirma ao JN a docente cuja área de investigação é a
informação televisiva e o jornalismo de saúde. "Quarenta e um anos depois
do 25 de Abril de 1974, os jornalistas não se sentem livres. Isto não é
grave?", questiona. "Se o livro servir para colocar esta reflexão na
ordem do dia, já cumpriu a sua missão."
A reflexão, a ser encetada, seria sobre o denominador comum dos relatos
assinados pelos profissionais. "Todos apontam para constrangimentos de
ordem económica a partir da concentração dos grupos de media. Todos são
desafiados a fazer mais com menos e em menos tempo", sintetiza.
Por outro lado, a profissionalização das fontes, "cada vez mais
organizadas, transformam as pressões em subtilezas" com as quais os
profissionais revelam também ter dificuldade em lidar. Um número mais reduzido
aponta também a tecnologia como fator de pressão. "Sentem o escrutínio das
redes sociais, mesmo sabendo que poderão não ser representativos."
A solução para a liberdade, avança a autora do ensaio que se debruça sobre
quatro áreas - justiça, política, futebol, religião - tem de "ser pensada
a partir no topo, ou seja, das administrações, e não dos repórteres".
"O jornalismo livre e independente, que aliás os leitores sabem
identificar, não constitui um perigo para a democracia. Pelo contrário. É um
antídoto dos abusos de poder".» ( JN de 26 de maio de 2015)
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