O sindicalismo deve ser autónomo, não apenas
independente! Alguns concordam mas acrescentam algo mais, ou seja, querem um
sindicalismo independente e autónomo mas sob a direção do partido! Ora isto é
contraditório! Ou é autónomo ou está sob a direção de um partido! Significa
isto que o sindicalismo autónomo tem como principio ser contra os partidos? De
modo algum! O sindicalismo autónomo está contra a ingerência de qualquer
partido na vida sindical.
Mas então como poderemos definir o sindicalismo autónomo
pela positiva? É um sindicalismo que age da base ao topo, dos locais de
trabalho á direção confederal, com uma estratégia própria e com uma orientação
política nascida no interior das organizações sindicais. É uma prática sindical
reconhecida como autónoma, sendo visível e reconhecida pela opinião pública e
pela sociedade como tal. A democracia direta é fundamental neste sindicalismo.
Os trabalhadores e suas organizações têm interesses próprios e terão sempre,
mesmo que esteja no poder um partido dito da classe, facto que a história já
nos confirmou.
Influência de várias correntes
Mas então será possível um sindicalismo puro, em estado
laboratorial, sem contaminação ideológica? Claro que não é possível! O
movimento sindical como entidade social e política sofre constantemente
diversas influências em especial dos seus quadros mais ativos. Por isso ao
longo da História as organizações sindicais tiveram influência de várias
doutrinas, correntes, igreja e partidos, em particular do sindicalismo
revolucionário e anarquismo, do marxismo do socialismo em geral e do
cristianismo. No século XX existiram inclusive três grandes confederações
mundiais onde eram hegemónicas três correntes de pensamento. A FSM com uma
orientação comunista, a CISL com uma orientação social democrática e a CMT de
inspiração cristã. AS duas últimas criaram em 2006 a Confederação sindical
Internacional (CSI).
Movimento sindical pode ser autónomo!
No entanto, e apesar das influências filosóficas e
políticas dos seus ativistas o movimento sindical pode ser autónomo se tiver
capacidade para produzir uma orientação clara de distância face às forças
políticas em disputa neste regime partidário. Se for capaz de respeitar as
diferenças políticas e ideológicas existentes no seu interior através de uma
prática de unidade.
Em Portugal e por razões históricas o sindicalismo teve
sempre e continua a ter uma forte influência partidária. Em alguns períodos,
tanto na UGT como na CGTP, viveram-se momentos de fortalecimento da autonomia
na direção confederal em particular.
Para a BASE-FUT o futuro do sindicalismo também depende
da sua capacidade em se gerir e autonomizar relativamente às estratégias
partidárias. É claro que são muitos os trabalhadores a dizerem que não querem
um sindicato onde mandam os partidos.INFORMAÇÃO LABORAL
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