As eleições legislativas de 4 de outubro podem
interromper a estratégia da direita portuguesa de reconfigurar o Estado e as
relações de trabalho em Portugal num sentido de subverter de facto a
Constituição saída da Revolução de 1974-esta foi uma das reflexões da reunião
da Comissão Executiva Nacional da BASE-FUT realizada no passado dia 24 de
outubro em Lisboa.
Com efeito a atual coligação PAF conseguiu unificar os
grandes interesses económicos e financeiros, em particular os ligados às
exportações, de empresas nacionais e internacionais. Essa união visa a destruição do Estado
Social, esvaziamento dos serviços públicos e universais e reforço da dimensão
assistencialista e privada das funções do Estado, do investimento privado e da promoção da competitividade através de baixos salários, precariedade e despedimento livre.
Estes «desígnios nacionais» ou reformas estruturais, como
eles e seus comentadores mercenários costumam dizer, poderão ser interrompidos
com um governo PS apoiado no Parlamento pela restante esquerda!
Todavia, um projeto político para uma legislatura não se
pode fazer apenas pela negativa, por impedir uma política considerada negativa
para os interesses dos trabalhadores e da maioria dos portugueses! Haverá que
ir mais longe! É aí que está o grande desafio a todas as correntes da esquerda
portuguesa!
Os trabalhadores e suas organizações sofreram e sofrem
muito. Cortes e estagnação salarial, aumentos de impostos e taxas como nunca
visto, custo da energia, da água, alimentação e da habitação. A saúde, os
medicamentos a subirem e as reformas estagnadas ou com cortes! E o desemprego
que subiu a níveis históricos? É verdade que Portugal assinou um ajustamento
com as instituições internacionais que obrigaram ao empobrecimento geral dos
trabalhadores. Mas também é verdade que o programa de ajustamento foi aceite
com todas as mãos e agravado pela direita portuguesa que viu aqui a grande
oportunidade histórica de fazer as «suas reformas»!
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