Nasceu em
Lisboa no ano de 1933, na maternidade Alfredo da Costa. O
pai de origem da Beira Alta e a madrasta natural do Minho. Tinha nove meses quando foi viver com a madrasta.
pai de origem da Beira Alta e a madrasta natural do Minho. Tinha nove meses quando foi viver com a madrasta.
A sua mãe
natural de Estarreja, era empregada doméstica numa casa em Lisboa. Na única vez
que a foi visitar, recebeu uma recomendação: que não a chamasse mãe porque se a
patroa soubesse que era mãe solteira o mais certo seria despedi-la. Segundo o
conceito da burguesia não podia haver mães solteiras.
Fez uma
parte da escola primária na Beira Alta e outra no Bairro Alto, em Lisboa.
Frequentou até ao 5º. Ano a escola comercial Veiga Beirão no Largo do Carmo.
Chumbou o 1º ano e passou para o ensino nocturno.
Foi
baptizado tarde, com 11 anos, na Beira Alta, na terra do seu pai.
Foi
trabalhar com doze anos!
Com 12 anos foi trabalhar. O seu primeiro emprego foi
no Café Nacional, onde hoje é o Celeiro, na Rua 1º de Dezembro, em Lisboa, como
paquete, distribuidor de correspondência. Depois passou para a Livraria
Bertrand, na Rua Anchieta ao Chiado. Entrou para a Bertrand onde esteve cerca
de dois anos, tinha então quinze anos. Foi despedido porque, por altura do
Natal, foi colocado na Livraria. Por no “ranking” de vendas ter vendido mais
livros que alguns dos “vendedores” foi chamado ao Director Geral, um francês,
que, após o ter felicitado, lhe comunicou que ia ser transferido para a
Livraria.
Agradeceu o elogio, e dado que estava a estudar à
noite, solicitou autorização para poder no período de aulas, continuar com o
horário de trabalho dos escritórios, dado que a Livraria encerrava às 19 horas
e a primeira aula começava precisamente a essa hora e que, por motivo de obras
da Veiga Beirão estava a frequentar
a Patrício Prazeres que ficava próxima
do Castelo de São Jorge., pelo que perderia a frequência de todas as primeiras
aulas.
Incompreensivelmente, o director, comunicou-lhe que
teria de cumprir o horário da livraria, tendo solicitado para continuar como
paquete para poder continuar a estudar. Como resposta, foi despedido no final
do mês sem justa causa. Era assim que os jovens trabalhadores e aprendizes eram
tratados.
Passados dois meses foi trabalhar no Secretariado da
Direcção Geral da LOC, onde permaneceu uns dois anos.
Na JOC foi Vogal da Pré-JOC, “Propagandista”
Diocesano, Presidente da Secção da Encarnação (ao Chiado) sucedendo ao João
Gomes quando este transitou para a Direcção Geral da JOC.
Trabalhou numa Companhia de Seguros de onde saiu para
a Fiat onde esteve 43 anos.
Teve um
papel histórico nos movimentos operários católicos
Após o casamento filiou-se na LOC, inicialmente na
Secção da Encarnação, de onde transitou, por mudança de residência para a
Secção de Benfica, e, posteriormente, pelo mesmo motivo para a de Queluz, da
qual foi Presidente, e posteriormente Presidente Diocesano, Vice-Presidente da
Direcção Geral e por escolha dos Movimentos Operários da Acção Católica, foi
nomeado Secretário-Geral Adjunto da Acção Católica Portuguesa.
Nomeado pela Direcção Geral da LOC, foi Director do
Centro de Cultura Operária.
Fundador do Movimento BASE na clandestinidade, e após
o 25 de Abril, Fundador e Coordenador da BASE-FUT, Director da revista
“Autonomia Sindical”, Responsável das Edições BASE e Presidente da Direcção do
Centro de Formação e Tempos Livres - CFTL.
Sob o pretexto de ser comunista foi detido pela PIDE e
espancado na ditadura de salazar caetano.
Por instruções da PIDE foi-lhe instaurado pela Polícia
Judiciária, no início de 1970, um Processo - crime por ofensas ao Chefe do
Estado do Chile por motivo de a Introdução do livro “Chile -Socialismo
Impossível” publicado pelas Edições BASE ter sido considerado ofensivo do
General Pinochet.
Será sempre
o militante nº1
O Fernando Abreu, embora deixando agora no XVI
Congresso da BASE-FUT, a Presidência da Mesa do Congresso,será sempre o
militante nº1 desta Organização.Para além do papel histórico que teve nos movimentos
operários católicos foi ,sem dúvida, um dos sindicalistas portugueses que melhor teorizou e praticou o sindicalismo
de base, autónomo e de classe, bem como a relação entre sindicato e autogestão. Foi ainda
um elemento importante na sensibilização do sindicalismo europeu, em particular
da área da CMT,para as especificidades e problemas do sindicalismo português no
quadro da Revolução de Abril colocando sempre em primeiro lugar a unidade dos
trabalhadores.A sua lucidez militante e jovialidade fazem dele uma referência de várias gerações.A BASE-FUT apenas lhe pode agradecer o seu empenhamento total
durante tantos anos em prejuízo por vezes da própria família!Bem hajas!
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