DECLARAÇÃO DE COIMBRA
A Economia social deve afirmar a sua dimensão social e política
O movimento da economia social ou terceiro sector em Portugal tem sido ao longo da história injustamente subalternizado pese a sua consagração constitucional em consequência da Revolução de Abril.
Apesar desta realidade a economia social e solidária garantiu o seu reconhecimento jurídico e possui uma existência real indo ao encontro das necessidades e aspirações dos trabalhadores, consumidores e populações mais pobres, quer rurais quer urbanas.
Sendo a sua inspiração bastante remota, o movimento mutualista e cooperativo nasceu estreitamente ligado ao movimento sindical português e constitui um património formidável de generosidade, cooperação e esperança para todos.
Embora pouco mediático e reconhecido este sector económico e social desenvolve um importante trabalho no País, enquadrando milhares de trabalhadores, animadores sociais e voluntários.
É um movimento onde a diversidade é uma riqueza, constituindo uma verdadeira “constelação de esperança” que, sabendo trabalhar em rede, poderá transformar-se numa verdadeira confederação estratégica para o futuro.
Para se conseguir esse objectivo é necessário, no entanto, amadurecer em conjunto, ser capaz de inter cooperar formal e informalmente de modo constante procurando e partilhando objectivos comuns.
Este caminho poderá conduzir a uma maior visibilidade e afirmação política e cultural na sociedade portuguesa de modo a conseguirmos que as prioridades sociais e políticas da economia social sejam devidamente contempladas e colocadas como prioritárias na sociedade.
Prioridades nomeadamente no combate á pobreza e exclusão que existem a até aumentam em algumas regiões da UE e de Portugal.
Prioridades no combate ás desigualdades sociais que tendem igualmente a aumentar, com atenção especial aos idosos, trabalhadores pobres e crianças,
Para além de uma estratégia de apoio concreto ás pessoas a economia social deve afirmar-se como uma alternativa às economias privada e pública.
Em termos de desenvolvimento sustentável a economia social não funciona na lógica das deslocalizações procurando os baixos salários e é mais sensível ao ambiente e inclusão social, para além de uma alternativa de emprego num contexto mundial em que a gestão empresarial privada assenta nos despedimentos e na acumulação privada do capital.
Por outro lado, a economia social é um espaço privilegiado para a expressão da cidadania, onde a participação se materializa de modo democrático e onde o que efectivamente conta são as pessoas e não o capital.
Como síntese e preocupações finais queremos destacar:
A necessidade de uma urgente procura de convergências na diversidade para se alcançar maior mobilização e capacidade política - quebrar a subalternização histórica e aprofundar a participação
A importância de encontrar formas sustentáveis de informação e formação das pessoas, em particular de dirigentes e trabalhadores dando cada vez mais lugar á cultura da solidariedade e cooperação - adquirir competência profissional e politica.
A importância estratégica que este sector tem igualmente em possuir um banco para financiar os seus próprios investimentos - escapar à dependência do capital privado.
A necessidade de se promoverem outros encontros de animadores da economia social onde se realize o debate livre de ideias e propostas sem qualquer constrangimento. Estes debates serão formativos e proporcionarão incentivo a todos os que trabalham no sector reforçando assim as suas unidades e estruturas federativas do movimento cooperativo, mutualista e associativo.
Os participantes do Encontro sobre Economia Social promovido pelo Centro de Formação e Tempos Livres e pela Base - Frente Unitária de Trabalhadores realizado em Coimbra a 19/20 de Maio de 2007
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