Chegou finalmente o dia 18 de Julho! No centro da aldeia, quando eram 8 horas da manhã, lá estavam três dezenas de antigas operárias e operários com o entusiasmo de quem há muito desejava recordar o que foram, durante décadas, as caminhadas diárias de manhã cedo ou no turno da tarde para a Penteadora e o regresso a casa à tarde ou pela noite fora de archotes na mão por caminhos de terra batida atravessando cabeços e pinhais.
No primeiro ano da década de 70, alguns trabalhadores que se reuniam como militantes da J.O.C. e da L.O.C, desencadearam um processo que permitiu conquistar depois o transporte público para a fábrica de Unhais da Serra e que levou a um acordo com a fábrica e Auto Transportes do Fundão. Daí que esta iniciativa fosse agora organizada pela LOC – Movimento de Trabalhadores Cristãos. (*)
-“Vamos embora que se faz tarde!”, gritou a Irene Calado principal dinamizadora junto das antigas e antigos operários da Penteadora. E lá estava a Inês Valente que veio de propósito de Vila Franca, o Eduardo que veio de Lisboa. Lá estavam algumas pessoas com mais idade (a rondar os 80 anos) como o tio Augusto Laço, a Lurdes Neves, a Etelvina Vicente…
E o grupo iniciou a caminhada com alguns abraços de quem não se via há muitos anos!...
A presença de dois desconhecidos interrogava as caminhantes. “Quem são?”- perguntavam. Mas à medida que o caminho se fazia encosta acima foram sabendo que ela vinha de Braga e era a coordenadora nacional da LOC – Fátima Almeida e que ele, vindo de mais perto, era o assistente diocesano do Movimento – padre Joaquim António.
E o grupo iniciou a caminhada com alguns abraços de quem não se via há muitos anos!...
A presença de dois desconhecidos interrogava as caminhantes. “Quem são?”- perguntavam. Mas à medida que o caminho se fazia encosta acima foram sabendo que ela vinha de Braga e era a coordenadora nacional da LOC – Fátima Almeida e que ele, vindo de mais perto, era o assistente diocesano do Movimento – padre Joaquim António.
O carro amarelo dos Sapadores Florestais, com a colaboração da Junta de Freguesia da Erada, arrancou atrás do grupo para prestar algum socorro se necessário fosse e, já agora, levar as merendas. Felizmente e apesar de alguns joelhos queixosos, o Nuno não teve que socorrer nenhum dos caminhantes. O caminho parecia estar agora mais limpo, talvez por causa do combate aos incêndios… e por volta das 9 horas o grupo atravessava a Quinta da Várzea. Mais uns 20 minutos e chegámos à estrada nacional onde pouco depois aparecia (como os organizadores haviam pedido) o carro da GNR para acompanhar o percurso por estrada até à fábrica.
Para surpresa da maior parte dos caminhantes, pouco depois, um carro desconhecido pára ao lado da estrada e o seu condutor dispõe-se a caminhar com o grupo que o recebe com alegria… era o Bispo da Guarda – D. Manuel Felício que dias antes tinha confirmado a sua intenção de estar presente.
No largo da Penteadora, às 10 horas da manhã, outras tantas pessoas esperavam os caminhantes entre as quais antigos trabalhadores e o presidente da Junta de Freguesia de Unhais da Serra. E até a Maria de Jesus Barata que, vindo de S. Romão, atravessou a Serra para reencontrar companheiras de outras caminhadas.
As portas da capela da fábrica estavam abertas à nossa espera e aí pudemos aconchegar-nos e ouvir a Alexandrina Alves falar do porquê “Recordar os Caminhos da Penteadora”. O António José Santos falou-nos da criação da fábrica em 1930 e do seu grande fundador padre Alfredo dos Santos Marques, homem de larga visão que logo a seguir mandou construir a barragem e as 4 centrais eléctricas. E completou este momento D. Manuel Felício com uma oração por todos quantos deram vida a este grande empreendimento e, também, por aqueles de quem depende o futuro da Penteadora.
Faltava completar a caminhada. O grupo já então mais alargado dirigiu-se para o centro da vila, junto ao busto do padre Alfredo, onde uma parte significativa da população esperava os caminhantes e que assim participou numa simbólica homenagem ao fundador da Penteadora. Foi colocado um ramo de flores. Usaram da palavra o António J. Santos que, então ainda criança, conheceu o padre Alfredo e a seguir o presidente da Junta de Freguesia, senhor António João, que também por sua vez salientou a figura do antigo pároco e fundador da Penteadora de Unhais da Serra. Manifestou ainda o seu regozijo por esta iniciativa da Liga Operária Católica e ofereceu algumas dezenas de livros editados há 4 anos aquando da inauguração do busto do padre Alfredo dos Santos Marques.
Ali próximo ficava a igreja paroquial onde o senhor Bispo presidiu à celebração com a presença de uma centena de participantes, entre os caminhantes e gente de Unhais.
O almoço partilhado e o convívio da tarde tiveram lugar no aprazível parque de merendas da vila. E até o grupo de cantares do Centro Social Santo Aleixo acedeu ao pedido para dar mais animação ao reencontro de tantas pessoas.
Foi um reencontrar de amigas e amigos, rever antigas companheiras e companheiros de trabalho. Foi um reviver estórias, lembrar gargalhadas, recordar orações que, de Verão ou de Inverno, atenuavam o caminho ou aliviavam o cansaço no regresso a casa! Foi um lembrar que se “o sonho comanda a vida” e “a fé move montanhas”, foi esse sonho e essa fé que no primeiro ano da década de 70 levaram à conquista do transporte diário para a Penteadora.
Foi ainda tornar presente essa utopia que pode permitir desbravar outros caminhos e tornar outros sonhos realidade.
José Manuel Duarte
(*) Esta iniciativa contou com o apoio das Juntas de Freguesia de Erada e Unhais da Serra e da Base – Frente Unitária de Trabalhadores.
O almoço partilhado e o convívio da tarde tiveram lugar no aprazível parque de merendas da vila. E até o grupo de cantares do Centro Social Santo Aleixo acedeu ao pedido para dar mais animação ao reencontro de tantas pessoas.
Foi um reencontrar de amigas e amigos, rever antigas companheiras e companheiros de trabalho. Foi um reviver estórias, lembrar gargalhadas, recordar orações que, de Verão ou de Inverno, atenuavam o caminho ou aliviavam o cansaço no regresso a casa! Foi um lembrar que se “o sonho comanda a vida” e “a fé move montanhas”, foi esse sonho e essa fé que no primeiro ano da década de 70 levaram à conquista do transporte diário para a Penteadora.
Foi ainda tornar presente essa utopia que pode permitir desbravar outros caminhos e tornar outros sonhos realidade.
José Manuel Duarte
(*) Esta iniciativa contou com o apoio das Juntas de Freguesia de Erada e Unhais da Serra e da Base – Frente Unitária de Trabalhadores.
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