«No rescaldo da greve Quintela Maia, presidente da mesa da assembleia geral ainda tentou aguentar o que restava dos esfrangalhados corpos gerentes através de uma moção de confiança posta à assembleia geral, mas a verdade é que meses depois foram todos substituídos e no final do ano de 1921 já era uma direção alinhada com os anarquistas que tinha assumido o poder na associação.
O desemprego e a carestia de vida não paravam de aumentar e a crise provocava uma diminuição drástica do volume das gorjetas dos clientes o que levava ao desespero todos os que tinham essa forma de remuneração.
Era uma questão recorrente.Já no tempo da monarquia houvera discussões sobre a supressão da gorjeta e da sua substituição por um salário regular fixo que evitasse que os trabalhadores ficassem à mercê da generosidade dos clientes e dos fluxos de trabalho.
Só que este problema cíclico se tornou numa constante a partir da guerra e não parou de se agravar.Tornou-se estrutural, não apenas por causa da crise sempre latente mas também com a alteração do tipo de clientela que frequenta os estabelecimentos menos propensa a gratificar ou gratificando com quantias cada vez mais pequenas.
A nova direção de tendencia anarquista estabelece como principais frentes de luta a melhoria dos salários, a abolição da gorjeta, a luta contra o desemprego, o cumprimento do direito ao descanso semanal e o reforço da associação com a nomeação de delegados nas casas.
Juntamente com a ideia de sindicato único, que vem de trás, os anarquistas, aparentemente de forma contraditória com a sua ideologia, introduzem na associação uma noção muito clara da importancia da organização sindical para a luta dos trabalhadores, em particular a organização nos locais de trabalho....»
Américo Nunes «Hotelaria-de criados domésticos a trabalhadores assalariados»
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