PORTUGUESES EXPLORADOS!

Aliciados para ir para o burgo com promessas de altos salários, muitos trabalhadores da construção civil portugueses deparam-se no local com uma realidade bem diferente. Vencimentos de 7,5 euros à hora, apesar de trabalharem numa obra do Estado, quartos improvisados em garagens ou casas de banho que têm de servir para 22 operários. Com vergonha ou por falta de alternativas, vão ficando por lá até arranjar melhor. Mas não arranjam.  
 
Ontem, a aflição vivida pelos emigrantes voltou a ganhar fôlego, com a transmissão de uma reportagem televisiva por um canal luxemburguês sobre escravatura moderna dos portugueses, em que foram relatados muitos casos de trabalhadores explorados.  
 
José Cesário, secretário de Estado das Comunidades, confirmou ao JN ter recebido queixas de trabalhadores com salários abaixo dos valores locais legais, mas afirmou desconhecer o caso concreto de portugueses explorados numa obra do Estado luxemburguês, denunciado na reportagem da RTL.  
 
Sindicatos denunciam!

O Sindicato da Construção já denunciou escravatura no Luxemburgo e na Bélgica. "Há situações catastróficas. Às pessoas vêm com contratos negociados em Portugal que não respeitam a legislação luxemburguesa, e quando pedimos informação dizem que descontam o alojamento, o material, tudo", alertou Albano Ribeiro que denunciou ainda haver trabalhadores "abandonados no Luxemburgo, porque os salários não são pagos, e as pessoas ficam sem dinheiro para voltar".  
 
O sindicato luxemburguês LCGB denunciou, também, situações de exploração de portugueses recrutados por empresas de construção em Portugal para trabalhar no Luxemburgo. Casos em que os expatriados trabalham sete dias por semana e com salários muito abaixo do mínimo luxemburguês  
 
A estação de televisão Luxemburguesa RTL emitiu, ontem à noite, uma grande reportagem sobre portugueses a trabalhar numa obra do Estado, nos caminhos de ferro, e onde recebem apenas 7,5 euros por hora. "Trata-se de escravatura moderna porque esses operários ganham apenas metade do que deveriam receber. São encaminhados para cá (Luxemburgo) para simplesmente serem explorados", adiantou ao JN, Deborah Ceccacci, uma das autoras da reportagem emitida pela RTL Télé Luxembourg. A mesma jornalista garantiu ter ficado surpreendida com o facto dos trabalhadores portugueses serem explorados precisamente por patrões portugueses. "Verificamos o caso de uma pequena empresa de construção que alojava os operários numa pequena divisão da própria casa com camas sobrepostas", explicou a jornalista. (Jornal de Notícias de Hoje)

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