Por vezes, há
trabalhadores das gerações mais recentes que dizem não entender o conceito de
autonomia sindical, ou melhor dito, qual a substância sindical que este
conceito encerra. Não basta dizer sindicalismo ou sindicato independente?
Sindicalismo independente e autónomo são coisas diferentes, embora complementares.
Uma organização sindical pode dizer-se independente no discurso e nos estatutos
e não ser de facto autónoma! Pode não estar dependente do Estado, religião ou
partido e não ser autónoma.
Historicamente a
autonomia sindical foi um processo longo das organizações operárias. De
mutualistas, colaboracionistas e dependentes de partidos, igrejas e senhores
influentes, as organizações sindicais foram ganhando autonomia e independência.
Tal não significa que, ao longo da História, as organizações sindicais nunca
fossem ideologicamente influenciadas! Elas próprias produziram e produzem
pensamento social e político. Grande parte do nosso pensamento social e
político das esquerdas tem origem nos movimentos de trabalhadores!
A autonomia é um
conceito sindical mais rico que independência. Por autonomia entende-se uma
organização sindical de classe, isto é, que tem claros os interesses
económicos, sociais, políticos e culturais dos trabalhadores e não deixa que
sejam subalternizados por outros interesses. Por outro lado, é uma organização
que define o seu rumo estratégico, produz o seu pensamento, e não se deixa
submeter a outras orientações externas quer sejam de partidos, igrejas ou
governos! Ora, apenas através da prática sindical poderemos verificar se uma
organização é autónoma ou não! Todavia, uma organização pode ser orgânica e
juridicamente independente mas pouco ou nada autónoma!
Definir que uma
organização sindical é autónoma significa também que é capaz de defender os
interesses vitais das classes trabalhadoras e fazer propostas sem subalternização a qualquer
vanguarda política! Pode existir e pode ser frutuosa a cooperação entre
sindicatos e organizações políticas. Todavia, os dirigentes das organizações
sindicais devem ser, antes de tudo, sindicalistas! Estes, caso sejam também
militantes partidários, não se devem deixar subalternizar nos partidos
políticos, devem ser uma voz forte e crítica das práticas e políticas, inclusive
do seu partido ,que não defendam os trabalhadores, tanto no governo como na
oposição!
Informação laboral
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