HORTAS URBANAS EM ALMADA!

Integrado no ciclo de eventos comemorativos do seu 1º aniversário, a Gandaia levou a efeito o Iº Fórum Concelhio sobre Hortas Urbanas do Concelho de Almada que, esperamos nós, será o início de um ciclo duradoiro onde, pelo menos uma vez por ano, seja debatida a situação das hortas urbanas.

Este debate contou com a presença da Câmara de Almada, na pessoa de Patrícia Silva do Departamento de Estratégia e Gestão Ambiental Sustentável, com o Nuno Belchior do Projecto 270 e a Arquitecta Sónia Lança, líder de um projecto hortícola nas Costas de Cão, tendo este painel tocado praticamente todos os aspectos relacionados com as hortas urbanas, uns mais profundamente do que outros, evidentemente.

 Patrícia Silva mostrou-nos detalhadamente o projecto que a Câmara de Almada tem para o Concelho, recorrendo-se de um profundo estudo que fizeram sobre o território, de vária ordem, nomeadamente geológico, morfológico e humano. Já estão identificados os terrenos adequados à implementação das hortas urbanas por todo o Concelho, as quais vão começar a ser implementadas já neste ano de 2013, duma forma faseada, naturalmente, sendo a horta de S. João da Caparica a primeira da lista. Esta intervenção pautou-se pela simplicidade e interactividade com o público uma vez que havia da parte deste um interesse muito preciso e pormenorizado sobre o projecto.

A Arquitecta Sónia Lança mostrou-nos um projecto que lidera sobre a implementação de uma horta nas Costas de Cão, em parceria com a Misericórdia e a Câmara de Almada bem como a EDP. Expôs com clareza, os critérios de admissão ao usufruto da horta, respectivas áreas atribuídas por talhão e a formação que foi necessária com vista ao bom tratamento da terra para colher duma forma saudável e biológica. Importa reter, a aprendizagem que constitui este projecto, por exemplo, a necessidade de adequar os regulamentos às pessoas, ao sítio e até às estações do ano!

Por ultimo, o Nuno Belchior falou-nos do seu Projecto 270, o qual vai muito para além de um projecto hortícola, é sobretudo um projecto de vida onde a preocupação ambiental está sempre presente. Das múltiplas questões que nos pôs a reflectir, saliento três que importa ter em conta em todo e qualquer projecto de hortas urbanas: a água, a compostagem e o local de convívio nas hortas. No que respeita à água, desde logo a sua preservação ao não utilizar químicos nas hortas de forma a não contaminar os lençóis aquíferos bem como tratar dos solos de forma a evitar gastos desnecessários e inúteis de água. Por exemplo, um solo demasiado arenoso tem que ser trabalhado de forma a não desperdiçar água. A Compostagem tem um papel muito importante nas hortas: por um lado permite fertilizar a terra biologicamente, por outro, tem a capacidade de absorção dos resíduos orgânicos, especialmente a vermicompostagem, que de outra forma iriam para as lixeiras, com os encargos que daí advêm para o ambiente e para as pessoas. O Local de Convívio nas hortas urbanas tem um papel óbvio mas de extrema importância; permite a “cultura da terra”, o convívio, a troca de saberes e experiências bem como a troca de sementes.

Em conclusão diremos que foi um debate muito participado, elucidativo, com uma grande abrangência de questões sobre o assunto e muitas intervenções do público. Outros aspectos importantes ficaram por abordar, desde logo a questão das sementes e a grande dependência crescente que os agricultores têm de terceiros, devido às sementes modificadas. Outros debates se seguirão e certamente estas e outras questões relevantes estarão na primeira linha a debater.


Associação “Colher para Semear” que tal como o nome diz, parecem estar em contra ciclo, normalmente diz-se que “semeia para colher”. Esta Assoc. é uma rede de “guardadores de sementes” que pretendem preservar a variedade de sementes , hortícolas e frutos. Como sabemos os agricultores intensivos pretendem sobretudo cultivar as espécies mais rentáveis e daí a uniformização daquilo que se produz e se come, praticamente em todo o mundo. Por outro as sementes modificadas perdem vitalidade, ou seja, normalmente só permitem cultivar duas vezes, tornando desse modo os agricultores dependentes de outros. Esta associação pretende exactamente contrariar esta tendência


António Fonsecca-Costa de Caparica

1 comentário:

António Maneira disse...

Foi de facto um excelente debate. Quando se realiza o próximo?