«O governo PSD/CDS deixou efectivamente de governar o País
nos últimos meses, estando agora em permanente campanha eleitoral para as
legislativas, utilizando para o efeito o aparelho do Estado e preocupado
fundamentalmente em fechar os «dossiers» de privatização das empresas públicas»-Diz a Comissão Política Nacional da BASE-FUT no seu comunicado saído da sua reunião do passado fim de semana em Coimbra.
O documento da Direção da Base continua:«Escudado pela Troika, pelo Presidente da República e, em
grande medida, pela Comissão Europeia o governo continua uma política de
degradação da vida política e social, apesar dos números apresentados sobre o
deficit, o desemprego e as exportações.
A política de medo e de manipulação, juntamente com o
desemprego, a corrupção e erosão das instituições levaram a um preocupante
sentimento de impotência e anemia em largos sectores da população portuguesa.
As próprias forças de esquerda têm dificuldade em gerar novas alternativas que
sejam capazes de mobilizar cidadãos, afastados do voto e da actividade
política, constatando-se, no entanto, uma clara pulverização de candidaturas em
vez de convergências reais.
Efectivamente a situação social e real das pessoas não
melhorou. Continuamos um país de cantinas sociais, de bancos alimentares, de
pobreza visível e envergonhada, de degradação progressiva da saúde e do ensino
e de precariedade no trabalho. As empresas, em particular as pequenas e médias,
continuam a ter dificuldades em aceder ao crédito bancário.
Novo rumo para o País
Temos que manifestar a nossa preocupação por esta
situação e em particular pela crescente submissão da vida política e democrática
aos interesses económicos privados, nacionais e internacionais. Esta realidade
vai corroendo a própria democracia e a coesão social, sendo fonte de
individualismo estéril. A política democrática deve comandar a governação para
que esta não se transforme numa agência de negócios!
Esta governação da direita centra quase toda a sua acção
na privatização das empresas públicas, algumas das quais vendidas ao preço da
chuva. O caso da TAP é paradigmático. A pressa e a obscuridade no negócio em
causa levantam uma quantidade de interrogações e suspeitas aos portugueses.
Perante esta situação é fundamental que os portugueses se
mobilizem para votar e exercer todos os seus direitos constitucionais,
nomeadamente de contestação às políticas deste governo. Apelamos assim à
participação política e cívica de todos para que possamos dar um novo rumo ao
País. Um rumo que valorize o trabalho e os trabalhadores, o Serviço Nacional de
Saúde, a segurança social, a escola pública e a distribuição da riqueza,
aumentando nomeadamente o salário mínimo e os salários mais baixos.
Mobilização e participação politica
Esta mobilização e participação políticas serão também
fundamentais no quadro da União Europeia onde as políticas de austeridade ainda
não foram derrotadas. Efectivamente os povos que foram alvo de resgates e
intervencionados pela Troika, nomeadamente Portugal e Grécia, continuam
vigiados e menorizados, aprofundando-se assim a sua situação periférica,
chantageados pelos mercados e pelas instituições internacionais dos credores.
Torna-se assim necessário um novo sobressalto cívico e
político do povo português com reflexos já nas próximas eleições legislativas e
presidenciais no sentido de mudar o governo e estas políticas económicas e
sociais, contribuindo também para um novo rumo nas políticas da União Europeia.
A abstenção será entregar o «ouro ao bandido» e corrermos o risco de um novo
mandato deste governo que acertará contas definitivamente com os valores do 25
de ABRIL.»
Coimbra, 14 de Junho de 2015
Comissão Política Nacional