REFLETIR SOBRE A AÇÃO E PERSPETIVAR O FUTURO!

A Direção da BASE-FUT (CPN) reuniu no passado sábado em Coimbra, com participantes de várias regiões do país, para debate e aprofundamento das conclusões do último Congresso realizado em Junho passado.
 Aprofundou-se a visão da Organização sob ponto de vista político e ideológico reafirmando a Base como uma plataforma de militantes sociais que lutam pela transformação da sociedade no sentido da democracia participativa, tendo como horizonte a autogestão. Uma sociedade mais livre e justa, onde a distribuição da riqueza não permita a pobreza e a marginalização de pessoas. Foram debatidos os instrumentos de ação, com particular destaque para as questões da informação e comunicação, as alianças com outras organizações na defesa do estado social e a luta pelo trabalho digno como principal objetivo estratégico.

SINDICALISMO HOJE!


A Comissão para os Assuntos do Trabalho da BASE-FUT  (Região do Porto /Norte) organizou no passado sábado , dia 19 de janeiro um Encontro sobre o papel do sindicalismo hoje:Apresentamos o texto final dessa reunião:

«A Base-Fut continua o seu percurso em busca de respostas às realidades que afectam as pessoas e os trabalhadores. É fundamental que num mundo em constante transformação, os cidadãos participem na busca de respostas colectivas face aos desafios colocados.

Foi com esta realidade que se realizou um encontro para reflectir sobre o momento do sindicalismo. Surgem novos movimentos de trabalhadores e de cidadania, muitas empresas com uma forte organização sindical encerraram as portas devido à crise instalada, muitas novas profissões surgem em novos ambientes. As organizações de trabalhadores são chamadas a moldarem-se face a essas mudanças para responderem aos desígnios.

O sindicalismo continua a ser:

 Sinal de liberdade;

 Sinal de solidariedade;

 Responsabilidade humana;

 Dignidade dos trabalhadores.

Estes princípios, continuam a nortear todos os sindicalistas e as organizações de trabalhadores, mas existem factores que não podem ser descorados e que dificultam a acção dos mesmos, tais como:

 Encerramento de muitas empresas e sectores profissionais;

 Alteração das estruturas empresariais;

 Diminuição das quotizações;

 Organização dos trabalhadores;

 Alterações sucessivas da legislação laboral;

 Menor número de sindicalizados;

 Dificuldade em acordos de contratação colectiva;

 Preparação/formação dos dirigentes e delegados sindicais.

Os sindicatos e as organizações de trabalhadores devem alargar as ofertas aos trabalhadores, aumentando e melhorando a capacidade de resposta, obtendo uma relação mais profícua com os associados e cumprindo o seu objectivo em contribuir efectivamente para a melhoria da qualidade de vida dos mesmos. Os direitos que demoraram décadas a construir e a conquistar, não são apenas direitos do trabalho, mas sim, direitos comunitários!

Deve-se também mudar a forma como até hoje se combateu contra o capitalismo, devendo ser usada uma nova abordagem, mais em negociação. A CGTP-IN deve optar cada vez mais pela concertação, pela busca de respostas colectivas e não tanto pela luta em prol do desgaste do capitalismo. Para atingir este desiderato, é necessário formar melhor e com outras perspectivas todos os sindicalistas e trabalhadores, conferindo-lhe outras ferramentas intelectuais e de metodologia até hoje poucas vezes utilizada. Com esta investida atingir-se-á outro objectivo: Maior solidariedade, equidade e crescimento cultural.

Neste mundo conturbado e onde a incógnita é a maior certeza, a formação efectiva e colectiva de novos e renovados líderes é fundamental para prosseguir o caminho da libertação humana. É fundamental o aparecimento de novas pessoas com ideias, bem formadas técnica e culturalmente, que sejam aglutinadoras na construção de novas políticas, de implementação local, mas coordenadas globalmente, onde estão hoje os centros de decisão mundiais. A realidade de hoje obriga a olhar para o mundo de trabalho, com uma visão global, onde o capital circula muito rapidamente inter-países, onde as empresas abrem e fecham a sua actividade em qualquer parte do mundo, onde os regimes fiscais e o custo dos produtos sejam mais baratos, onde a legislação laboral é mais flexível e as regras em relação ao ambiente e à segurança dos trabalhadores ou é inexistente ou muito diminuta.

Por todas estas realidades, entende-se que o sindicalismo e a organização dos trabalhadores, nunca foi tão necessária como hoje, que é necessário ter muita coragem para se ser sindicalista ou sindicalizado, que todos querem um emprego e que a relação contratual tem direitos e deveres, que as centrais sindicais internacionais devem servir de pivots e motor para a melhoria das condições humanas e de trabalho, impulsionando acções de luta internacionais e que a comunicação deve ser desenvolvida e melhorada.

O sindicalismo continuará a depender muito do nível de participação social e cívica das pessoas e os resultados dependerão desse envolvimento e compromisso colectivo.»



Porto, 19 de Janeiro de 2013



AÇÃO INTERNACIONAL DO SINDICALISMO PORTUGUES!

Carlos Manuel Trindade, dirigente sindical da CGTP, defendeu recentemente a sua tese de mestrado no Departamento de História do ISCTE subordinada ao tema «A ação internacional das organizações sindicais portuguesas- do marcelismo até 2006» Um trabalho tão aprofundado e completo sobre a matéria ainda não tinha sido feito no nosso País.
O autor entrevistou dirigentes e militantes históricos do movimento sindical nacional e internacional e conseguiu informações sobre a história do nosso sindicalismo que são autênticas revelações pois ainda nenhum investigador as tinha obtido ou, se as tinha, preferiu ignorá-las. Um trabalho digno de relevo e que merece ser publicado para ser acessível a todos os interessados nesta matéria!Voltaremos ainda a este assunto com outros depoimentos!

Resumo:

«A presente dissertação pretende estudar qual tem sido a importância que o movimento sindical português atribui às atividades e relações internacionais e, consequentemente, as que realizou durante o período que se inicia com a governação de Marcelo Caetano, vulgo “marcelismo, em 1969, até Novembro de 2006, data da fundação da CSI – Confederação Sindical Internacional. Neste sentido, estudar-se-á a forma como se realizavam as atividades e relações internacionais antes e depois da Revolução do 25 de Abril e, em especial, qual o papel que tiveram na cisão de 1975/76, que levou à constituição da Confederação Geral dos Trabalhadores Portugueses – Intersindical Nacional, CGTP-IN1 e à fundação da União Geral dos Trabalhadores, de Portugal, UGT/P2.

Estudar-se-á, em particular, como é que a questão da filiação sindical internacional foi abordada e decidida por cada uma destas confederações sindicais. O estudo abordará também a relevância dos valores da solidariedade enquanto elemento identitário do sindicalismo, acompanhando as formas da sua efetivação durante o período do regime ditatorial derrubado no 25 de Abril e após a implantação da liberdade e da democracia, palavras símbolo capazes de mobilizar grandes massas de cidadãos.

No contexto de Portugal, neste período, considerar-se-á, em especial, no nível internacional, o grande impulso do atual processo de globalização (económica, comunicativa e cultual) iniciado na década de oitenta do século XX e ao fim da Guerra-fria, a partir da queda do Muro de Berlim, em1989 e, no nível nacional, o governo do bloco central dirigido por Mário Soares e Mota Pinto que preparou a reta final de adesão à CEE, em 1 de Janeiro de 1986, procurando entender as suas causas e quais foram as consequências que tiveram para as estratégias sindicais.»

CORTES CEGOS SÃO ATENTADO À DIGNIDADE!

«Os cortes cegos, vergonhosos, sem transparência e sem debate público sobre a denominada “refundação do Estado” são um grave atentado à democracia, ao desenvolvimento civilizacional e humano e à dignidade dos cidadãos. Ferem direitos e valores consagrados na Constituição da República, na Carta dos Direitos Humanos e na Carta Social Europeia.»- diz a Liga Operária Católica/Movimento dos Trabalhadores Cristãos em comunicado.Eis o texto:
«Estes tempos de deliberada e fundamentalista austeridade orçamental, que atinge com violência a maioria dos cidadãos, sobretudo aqueles que vivem ou que já ultrapassaram o limiar da pobreza deixando impunes os privilegiados de sempre, foi uma das grandes preocupações presente no encontro da Equipa Nacional da LOC/MTC – Movimento de Trabalhadores Cristãos, reunida a 19 de janeiro, em Aveiro, com o objetivo de preparar o XV Congresso Nacional a realizar no próximo mês de junho, em Lisboa.
Os cortes cegos, vergonhosos, sem transparência e sem debate público sobre a denominada “refundação do Estado” são um grave atentado à democracia, ao desenvolvimento civilizacional e humano e à dignidade dos cidadãos. Ferem direitos e valores consagrados na Constituição da República, na Carta dos Direitos Humanos e na Carta Social Europeia.

Atingem, ainda, as nossas raízes cristãs, ao porem em causa princípios fundamentais referidos na Bíblia e no Ensino Social da Igreja. A clarividência com que estes textos nos falam da justiça social, do direito ao emprego, da distribuição da riqueza, da solidariedade, da subsidiariedade, do bem comum e do valor da pessoa humana, impelem-nos a denunciar as referidas arbitrariedades governativas e a envolver-nos no debate e na defesa destes princípios, que são também alicerces da democracia que historicamente venceram miseráveis condições de trabalho e permitiram um progressivo acesso à saúde, à educação, à habitação e à proteção social.

Apelamos por isso à participação cívica de todos e de todas, no sentido de provocar a discussão pública das necessárias mudanças políticas, económicas e sociais anunciadas, de modo a que seja colocado no centro das transformações a qualidade de vida dos cidadãos e o bem comum.»

Aveiro, 20 de janeiro de 2012

Equipa Nacional da LOC/MTC

FORMAR COM MÉTODOS PARTICIPATIVOS!

AS edições BASE lançaram recentemente um caderno «FORMAR E FORMARMO-NOS» que aborda um conjunto de experiencias de formação onde se utiliza o intercambio de conhecimentos e experiencias de atores sociais e outros instrumentos participativos.

As Edições BASE iniciaram a sua actividade editorial em 1973, com o objectivo de alargar e ampliar o Serviço editorial do CCO - Centro de Cultura Operária que, criado em 1969, produziu e difundiu por todo o país dezenas de milhares de folhetos e brochuras, com destaque para os “Cadernos de Cultura Operária” cuja publicação teve início em 1967, tendo sido suspensa pela Censura em 1972, ano em que a tiragem atingiu os dois mil exemplares e o significativo número de mil e trezentas assinantes.

Por iniciativa do Movimento BASE, as Edições BASE lançam o seu primeiro livro em 1973, tendo publicado até 1999 trinta e sete títulos, com destaque nas temáticas da alfabetização, da autogestão e do sindicalismo, num total de mais de uma centena de milhares de exemplares, distribuídos maioritariamente “de mão em mão”, a livrarias, a associações e entidades dos países de expressão portuguesa, com destaque para Brasil e Moçambique.

Por razões de carácter económico, o nosso contributo de intervenção social, neste específico campo, para a formação dos trabalhadores portugueses e do seu movimento associativo e cultural não teve condições para manter a continuidade que desejaríamos, mas que mais modesta e humildemente pretendemos retomar.

Esta publicação é a primeira de uma nova Série de Cadernos dedicados a experiências de Formação/Acção de militantes, sem excluir a abordagem de outras temáticas ligadas sempre à consciencialização dos trabalhadores e à transformação do mundo, fiéis ao nosso lema de sempre de que “Só os Trabalhadores Libertarão os Trabalhadores”.



SINDICALISMO É SOLUÇÃO!

No âmbito da Região Norte da Base-FUT, os membros da CAT-Comissão para os Assuntos do Trabalho-, irão promover no próximo sábado (dia 19 de Janeiro), pelas 15h na sede regional um encontro/debate sobre o sindicalismo.

Faremos memória do trajecto realizado que nos permitirá olhar para o futuro de forma bem enraizada. É fundamental construir pontes entre a sociedade laboral, olhar com acção para as novas realidades que estão a surgir e como poderemos interagir. O sindicalismo atravessa tempos conturbados e por isso somos todos chamados a uma participação efectiva em prol dos trabalhadores e a sua dignidade como pessoas.

Se acreditas no sindicalismo, se não acreditas no sindicalismo, se contestas a sua metodologia, se sentes que não tens espaço para ouvir a tua voz, se queres construir um futuro melhor para todos, é chegado o momento de avançarmos. Participa!

AUSTERIDADE IMORAL E INJUSTA!

A CEN da BASE-FUT reuniu no passado dia 12 do corrente mês para reflexão sobre a situação social e política. O Serviço Nacional de Saúde, a atual governação e clima social estiveram no centro da discussão.

Sobre o SNS, uma das maiores aquisições sociais e de qualidade de vida da democracia portuguesa, considera-se fundamental que os portugueses o defendam e estejam atentos á tentativa do governo em fazer uma saúde para os pobres de baixa qualidade! É essencial estar atento às políticas que visem a privatização do SNS, obrigando a generalidade dos portugueses que pagam os seus impostos a terem que pagar também a saúde! Sobre esta matéria ficou decidida a elaboração de um documento que mostre a importância do SNS para o povo português e o sentido das reformas em curso.

A situação social e política no país foi outra questão debatida pela CEN da BASE-FUT . A sobrecarga fiscal sobre os trabalhadores e pensionistas para 2013 é inaceitável, imoral e injusta! O aumento da austeridade está a empobrecer de maneira inaceitável a maioria do povo português e as perspetivas de um aprofundamento desta austeridade poderão levar o povo português à rebelião e a perigosas fraturas sociais.

Para a BASE-FUTas medidas apontadas pelo recente documento do FMI visam assustar os portugueses para que estes fiquem amedrontados e não resistam a estas políticas imorais. Todavia, os portugueses, e em particular os militantes sociais, não se irão deixar amedrontar e irão lutar por todos os meios contra esta tentativa de subverter valores democráticos e sociais que foram e são o essencial da Revolução de Abril!

ENVELHECER ATIVAMENTE!

A BASE-FUT de Lisboa vai realizar Encontro sobre envelhecimento ativo pelas 15 horas do dia 19 do corrente mês de janeiro na sede nacional em Lisboa. Para animar o Encontro/convívio foi convidada a Dra. Maria Conceição, terapeuta de geriatria.

Saber envelhecer estando ativo é um dos grandes desafios com que todos estamos confrontados, em particular numa sociedade que conseguiu progredir no sentido de possibilitar uma longa vida à maioria das pessoas. Os idosos não são um peso da sociedade como transparece na linguagem de alguns economistas e políticos defensores do produtivismo capitalista. São, pelo contrário, uma oportunidade e uma vantagem para a sociedade! São cidadãos com direitos e deveres que podem contribuir de forma muito positiva para uma sociedade mais coesa, rica e justa!

O AGENTE DA CATALUNHA!

O Agente da CatalunhaO “Agente da Catalunha”, última obra de Cesário Borga Martins, escritor e conhecido jornalista da esfera pública portuguesa, foi apresentado na Livraria Bertrand do Chiado, no passado mês de Novembro.

Coube ao jornalista Fernando Alves (TSF) fazer para um público numeroso, em ambiente coloquial, a explanação pormenorizada do romance, muito bem desenhado pelo seu autor. Trata-se de um cenário ibérico desdobrado, em tempos da guerra civil de Espanha entre franquistas e republicanos, quando ainda nada estava decidido quem vencia quem.

Tudo se passa em três territórios bem conhecidos do autor: a Catalunha, a fronteira (Campo Maior) e a cidade de Lisboa.

O território livre da Catalunha (entre outros) encontrava-se nas mãos dos republicanos, bastião da resistência, e daí partiam ordens de comando, estratégias e tácticas, numa guerra fratricida sem vencedor definido à priori. Se não fossem os apoios dos conservadores franceses, dos fascistas italianos e alemães e da solidariedade activa do governo de Salazar, provavelmente, a guerra teria conhecido outro desfecho.

A solidariedade activa entre os povos da Catalunha e o português também se fez sentir, durante largo tempo. Assim, numa comunhão de sentimentos entre povos ibéricos tornou-se determinante impedir o apoio do governo de Lisboa. O plano gizado para abater o presidente do Conselho de Ministros português, contava com a colaboração activa de Alba, guerrilheira catalã e de sectores clandestinos portugueses, salientando-se Jorgi (Jorge) que estava apaixonado da jovem catalã.

Recomendamos vivamente a leitura desta obra histórico - memorialista (história dentro da história), onde se mistura a ficção com a realidade dura e crua, e se descrevem tempos dolorosos para os povos ibéricos.

José Manuel Vieira

AUTOGESTÃO E FORMAÇÃO DOS TRABALHADORES!

Lia Tiriba, investigadora brasileira, aprofunda neste pequeno artigo as relações da cultura do trabalho, a autogestão e a formação dos trabalhadores associados na produção.A Lia,doutora em ciencias políticas e sociologia,esteve em Portugal a pesquisar sobre esta temátia no contexto da Revolução de Abril.

«Em diversos momentos da história do capitalismo, os trabalhadores tomaram para si os meios de produção, organizando – eles mesmos – o processo de trabalho. Como estratégia de sobrevivência ou estratégia de ruptura com as relações capitalistas de produção, como um paliativo à crise estrutural do capital ou como uma instância dos processos mais amplos de construção de uma nova sociedade, os trabalhadores associados têm tentado, à sua maneira, “governar” a si mesmos e/ou o mundo do trabalho. Nos diferentes espaços e tempos históricos, como aqueles que foram expulsos ou mesmo nunca ingressaram no mercado (capitalista) de trabalho organizam a produção? Como concebem as relações de convivência? No processo de produzir a vida social, como se dão as relações entre trabalho e educação? O que entendem por autogestão? Que concepções de trabalho e de sociedade fundamentam seus projetos educativos? Quais os nexos entre processo de trabalho, processo educativo e projeto societário? Em que medida o cotidiano da produção associada reproduz uma cultura do trabalho inspirada na organização capitalista do trabalho?....»Ver artigo