OS CATÓLICOS E O SINDICALISMO!




Por Fernando Abreu
 
O presente texto aborda a intervenção de (e não dos) católicos no sindicalismo português que, como se verá, em razão da mesma fé, teve por motivação a promoção dos direitos e interesses dos trabalhadores, todavia com recurso a meios organizativos diferenciados e objetivos sociopolíticos distintos. Se, além das organizações mencionadas, outras não são referidas, tal não é devido à intenção de lhes retirar visibilidade, mas tão só ao facto de não terem sido reconhecidas como tendo influência no desenvolvimento do sindicalismo em Portugal.          

Na sequência da primeira Revolução Industrial, embora com decénios de atraso em relação à maioria dos países europeus ocidentais, teve início em Portugal o processo de industrialização, que se desenvolveu na base dos novos equipamentos movidos a vapor, mas sobretudo na exploração dos trabalhadores sujeitos a salários de fome, horários de 10 a 14 horas diárias, despedimentos abusivos e trabalho infantil.

Independentemente de opções religiosas ou políticas, o deus do novo patronato de origem burguesa era o lucro; para tal, contava com a inexistência do direito de associação e a falta de regulamentação do trabalho, bem como com a disponibilidade dos governos para reprimirem, não raras vezes violentamente, as reivindicações, os protestos, as manifestações e as greves dos trabalhadores.

As consequências de tão degradantes situações fizeram-se sentir de forma gravosa a nível social, moral e religioso, perante o silêncio da hierarquia da Igreja.Ver texto na integra.

ENCONTRO DE SINDICALISTAS NO VATICANO!





Convocada pelo Discatério (Ministério) para o Desenvolvimento Humano Integral do Vaticano
decorreu entre 23 e 25 de Novembro a Conferência Internacional na qual participaram dirigentes sindicais de vários países e continentes e de diferentes correntes sindicais, o Movimento Mundial de Trabalhadores (MMTC), representado pela co-Presidente, a portuguesa Fátima Almeida, o Diretor da Organização Internacional do Trabalho, e representantes da Confederação Europeia de Sindicatos e da Confederação Sindical Internacional.

O debate centrou-se sobre “O trabalho e os movimentos dos trabalhadores no centro do desenvolvimento humano integral, sustentável e solidário”, e teve por objetivo refletir sobre o modo como os sindicatos e os movimentos de trabalhadores podem lançar iniciativas conjuntas que favoreçam a construção de sociedades que coloquem no centro da Agenda Social as pessoas e a sua dignidade nos aspetos materiais e espirituais.
Pode-se avaliar do interesse e oportunidade do debate havido sobre a discussão dos Temas centrais, dos quais destacamos: O Património da Doutrina Social da Igreja sobre O Trabalho, Análise das Realidades Sociais emergentes, Apresentação de experiências positivas, Apresentação de Propostas de Ação, cujas Conclusões serão, assim desejamos, oportunamente divulgadas.
Este Encontro insere-se na reconhecida preocupação do Papa Francisco pelo respeito da dignidade dos trabalhadores, dos desempregados, dos mais pobres, dos sem casa, dos sem terra.
Na Encíclica “Laudato si” o Papa Francisco recorda que o trabalho é uma necessidade porque dá sentido à vida nesta terra e garante o desenvolvimento humano sustentável e integral, que, no contexto da sociedade capitalista em que vivemos, não é realizável, pelo que “deveríamos indignar-nos, sobretudo com as enormes desigualdades que existem entre nós, porque continuamos a tolerar que enquanto uns se arrestam numa miséria degradante enquanto noutros mão sabem sequer o que têm”.
Na Carta que endereçou aos participantes e que foi lida no final do Encontro, o Papa Francisco (que devido aos preparativos da sua ida a Myanmar não esteve presente), expressa um exigente incentivo à ação cultural, social e política das Organizações Sindicais e dos Movimentos dos Trabalhadores, ao dizer que “devemos colocar em discussão as estruturas que prejudicam ou exploram as pessoas, as famílias, as sociedades e a nossa terra”, “para mostrar ao mundo que “não queremos um sistema de desenvolvimento económico que fomente gente desempregada, sem teto e sem terra”.
 
Fernando Abreu, sindicalista e fundador da BASE-FUT

ORGANIZAÇÕES DE TRABALHADORES ENCONTRAM-SE COM PAPA FRANCISCO!

 Nos próximos dias realiza-se em Roma uma grande conferência sobre o trabalho com o patrocínio do Papa Francisco!Centrais sindicais, organizações de trabalhadores cristãos e peritos vão aprofundar a questão do trabalho, as mudanças do mesmo e o papel das organizações de trabalhadores.De Portugal estará Fátima Almeida, Dirigente do Movimento Internacional de Trabalhadores Cristãos e o Secretário Geral da UGT, Carlos Silva.A Igreja Católica procurando  um novo protagonismo no mundo do trabalho?Apenas uma manifestação da vontade progressista do Papa Francisco?Vamos ver o documento final da Conferência para fazermos uma análise desta iniciativa.Ver notícia abaixo.

 Mundo de Trabajo, Génova, 27 de mayo 2017 © L'Osservatore Romano
(ZENIT – 20 Nov. 2017).- El jueves 23 y el viernes 24 de noviembre de 2017, tendrá lugar la Conferencia Internacional “De la Populorum Progressio a la Laudato sí” en el Vaticano, en el Aula Nueva del Sínodo.
En ella se debatirá sobre “El trabajo y el movimiento de los trabajadores en el centro del desarrollo humano integral, sostenible y solidario. ¿Por qué el mundo del trabajo sigue siendo la clave del desarrollo en el mundo globalizado?”, y está organizada por el Dicasterio para el Servicio del Desarrollo Humano Integral.
La conferencia, que contará con la participación del Papa Francisco el 24 de noviembre, tiene como objetivo abrir un área de debate y reflexión sobre el mundo del trabajo y “sobre las cuestiones relacionadas con las actividades profesionales en las estructuras sociales existentes, gracias a la contribución en su profundización de diversos movimientos sindicales”, explica el Dicasterio organizador del evento en un comunicado.
Los temas centrales que se tratarán en el encuentro serán: el patrimonio de la doctrina social de la Iglesia sobre el tema del trabajo y las perspectivas a las que apunta; el análisis de las realidades sociales emergentes; la recuperación y presentación de experiencias positivas.
También esperan aportar “propuestas de iniciativas conjuntas a favor de la construcción de sociedades que coloquen a la persona y su dignidad en el centro de la agenda social, de las políticas públicas y de un desarrollo humano integral que en realidad abarque tanto los aspectos materiales como los espirituales”.
Asimismo, la conferencia también “pretende profundizar en la enseñanza de la Iglesia sobre el tema” –explican en el comunicado– desde la encíclica Populorum Progressio del beato Pablo VI, a los cincuenta años de su publicación, hasta la Laudato si’ del Papa Francisco, en la que el Santo Padre escribe: “El trabajo es una necesidad, parte del sentido de la vida en esta tierra, camino de maduración, de desarrollo humano y de realización personal.”(n.° 128).
Ponencias
La primera jornada se abrirá con la bienvenida del Dicasterio, a cargo del padre Carlos A. Accaputo, Director de Pastoral Social en Buenos Aires (Argentina) y de un líder sindical.
Las intervenciones del cardenal Peter K.A. Turkson, Prefecto del Dicasterio para el Servicio del Desarrollo Humano Integral, y Guy Ryder, Director general de la Organización Internacional del Trabajo, precederán a la presentación de las directrices del documento preparatorio, que servirá como base para el análisis de las sesiones.
A continuación tomarán la palabra, entre otros, los representantes de los principales sindicatos italianos: Susanna Camusso, Secretaria general de CGIL, Annamaria Furlan, Secretaria general de CISL, Carmelo Barbagallo, Secretario general de UIL; y posteriormente Rudy De Leeuw, presidente de FGTB (Bélgica) y de la Confederación Europea de Sindicatos; Marta Pujadas, Presidenta del Consejo Asesor Sindical – Cosate-CSA (Organización de Estados Americanos); el Prof. Riccardo Petrella, profesor de Economía Política en la Universidad Católica de Lovaina en Bélgica; el P. Juan Carlo Scannone, S. I., teólogo; Vagner Freitas, presidente de CUT (Brasil); Stuart Appelbaum, presidente de RWDS (Estados Unidos).
Además de los representantes de la Santa Sede y del Dicasterio, la reunión contará con la presencia de representantes de los principales movimientos sindicales regionales e internacionales, especialistas en el campo de las ciencias sociales, delegaciones de 40 países, representantes de movimientos cristianos de los trabajadores, autoridades de Organización Internacional del Trabajo (OIT).
El encuentro con el Santo Padre está previsto para la tarde del viernes 24 de noviembre al finalizar los trabajos.

CIMEIRA SOCIAL EUROPEIA! UM PASSO EM FRENTE?

Amanha , dia 17 de novembro, realiza-se em Gotemburgo, Suécia, a Cimeira Social para o Emprego Justo e o Crescimento!Nesta grande reunião, a primeira em 20 anos,vão reunir chefes de Estado e de Governo, ministros do trabalho , dirigentes das instituições da UE e representantes de patrões e sindicatos e ainda outros responsáveis sociais.
Apoiamos este grande esforço europeu de criar um Pilar dos Direitos Sociais na UE com a mesma dignidade e obrigações dadas às vertentes económica e monetária.Esperamos que o Conselho, a Comissão e o Parlamento Europeu façam as necessárias alterações aos tratados para que se passe das palavras aos atos.Urge um plano de ação muito concreto no domínio social para que se passe dos desejos ás realidades.Queremos mais emprego e melhor emprego na Europa, acabando com o dumping social e fiscal que cria um fosso entre trabalhadores e aumenta as desigualdades, mais e melhor proteção social na velhice, na doença e desemprego, mais fundos para investir na educação e no emprego jovem.Queremos melhores condições de trabalho e melhores salários para todos!
No recente seminário internacional promovido pelo CFTL/BASE-FUT precisamente sobre a «Europa Social e dos Cidadãos» nas conclusões finais afirmava-se  que a União Europeia tem dois caminhos para o futuro:um seria o de continuar o retrocesso social e outro o da harmonização no progresso.Esperamos que nos próximos tempos se concretizem as palavras escritas e publicadas no jornal «Público» de hoje por Jean Claude Juncker, Presidente da Comissão Europeia:«A Europa para a qual trabalhamos é uma Europa que coloca as preocupações e os interesses das pessoas em primeiro lugar..»

BASE-FUT DEBATEU O FUTURO!



No passado dia 11 de Novembro, os membros da BASE-FUT comemoraram os 43 anos da Organização no Centro de Formação e Tempos Livres, em Coimbra. Durante a manhã, cerca de 35 militantes das diversas regiões do pais testemunharam do historial da Organização localmente. Após o almoço e a partilha do bolo de aniversário, os debates da tarde focaram-se no presente e no futuro da BASE-FUT.A sessão foi dinamizada por Bia Carneiro, investigadora do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra e por Pierre Marie, historiador e militante da BASE-FUT.
 A sessão foi participada e teve como temas o papel dos sindicatos na sociedade e a importância da animação social na BASE-FUT. Durante as intervenções dos militantes salientaram-se os diversos campos de ação da Organização, as mudanças no mundo do trabalho e ainda a necessidade de fortalecer a participação democrática dos trabalhadores. A sessão encerrou-se com um novo momento de convívio que juntou os participantes para um magusto. 


ORGANIZAÇÕES SOCIAIS FUNDAM UNIVERSIDADE POPULAR!

No dia 21 de novembro de 2017, no Centro Social Paroquial D. Manuel Martins, em Setúba1, irá decorrer
As organizações fundadoras da UPEA são o Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra, o Chapitô, o Centro Paroquial D. Manuel Martins, a Junta de Freguesia de Campo de Ourique, a Fundação Saramago, a Associação Moinho da Juventude e a Associação Cultural Pantalassa. O grupo convida outras organizações a juntarem-se a este projeto educativo e de transformação social.
O evento de Setúbal reunirá representantes de todas as organizações, será aberto ao público e de acesso gratuito. A Universidade Popular Empenho e Arte(UPEA) é uma iniciativa que visa democratizar
os conhecimentos e as informações relevantes para fortalecer uma cidadania activa e encorajar a vontade de lutar por uma sociedade melhor, tornando-a mais eficaz. Esta democratização deve ser pensada em várias dimensões: por um lado, no modo como são produzidos e consumidos os conhecimentos; e, por outro, na ampliação do leque de saberes que se cruzam e dialogam. Pretendemos unir saberes feitos de estudo com saberes feitos de experiência prática e quotidiana, da rua e da vida; saberes que se expressam por palavras,gestos e sons; saberes académicos, artísticos,de intervenções sociais e culturais. Em suma, a UPEA visa promover diálogos de saberes e fazeres, comprometidos com a luta pela dignidade, por uma sociedade
mais justa, pela transformação social e a valorização de alternativas progressistas.(retirado do comunicado da organização do evento).
a primeira atividade das jornadas inaugurais da Universidade Popular Empenho e Arte (UPEA), uma iniciativa de um conjunto de organizações com perfis diferentes, unidas pela vontade de democratizar os processos de produção e partilha do conhecimento, fortalecer a cidadania ativa e encorajar a luta por uma sociedade melhor.Ver programa



RENDIMENTO BÁSICO INCONDICIONAL: contributos para o debate!




Por João Lourenço*

O Rendimento Básico Incondicional (R.B.I.) afirma-se como uma utopia possível e inevitável, base essencial para o futuro. A evolução económica, referenciada de ser a 4º. Revolução, Tecnológica, Digital e da Inteligência Artificial por si justifica a evolução para a criação de um R.B.I. pelo facto de estar a proporcionar uma maior rentabilidade ao capital, face ao do trabalho que tem graves consequências como a do aumento do desemprego estrutural. O R.B.I. é um salto no sentido da construção de uma nova sociedade a partir da nova tecnologia a que está intimamente ligada garantindo a sua viabilidade. O seu modelo ainda não está determinado mas o seu objetivo sim, precisamos é de criar um R.B.I. que seja viável e sustentável uma aposta que precisa de se iniciar com discussão e tempo mas que está ao nosso alcance.Ver texto na integra

*sindicalista da BASE-FUT

OS CATÓLICOS, O SINDICALISMO E O PAPA!

Um texto síntese sobre o sindicalismo e os católicos em Portugal da autoria de Fernando Abreu, fundador da BASE-FUT,incorpora o livro PORTUGAL CATÓLICO-a beleza da diversidade- que será apresentado no próximo dia 21 de novembro,18 horas, na Aula Magna da Reitoria da Universidade de Lisboa.
A obra que foi preparada para assinalar a visita do Papa Francisco a Portugal é da responsabilidade do Círculo de Leitores, sendo coordenada por José Eduardo Franco e José Carlos Seabra Pereira.
A apresentação do livro está a cargo do Professor Marcelo Rebelo de Sousa, Presidente da República, e de Dom Manuel Clemente Cardeal Patriarca de Lisboa.A determinada altura do texto poderemos ler:
 Para a história ficará o registo de que militantes católicos se organizaram clandestinamente (inédito em Portugal) para participarem com os seus irmãos de trabalho, de diferentes credos e opções políticas, na luta pelo reconhecimento da dignidade do trabalho e dos trabalhadores, mas será importante destacar que defenderam a sua autonomia e dignificaram os princípios cristãos em que se formaram, não ambicionando a sua glorificação nem a dos movimentos a que pertencem ou pertenceram, nem sucumbiram à tentação de benesses ou engrandecimentos pessoais.»

NOVO ROMANCE DE CESÁRIO BORGA!

Ontem, dia 7 de novembro, teve lugar na FNAC do Chiado, em Lisboa,
o lançamento do livro do Cesário Borga «O último beijo da Mamba Verde» editado pela Planeta.Na sessão o livro foi comentado pelo responsável da editora e pelo jornalista da RTP Joaquim Furtado que incluiu a obra de Cesário Borga na ficção sobre uma das grandes tragédias do século XX português, a Guerra Colonial!Presentes vários amigos do autor,jornalistas, militantes da BASE-FUT, e alguns capitães de Abril.A obra é uma história de amor num quadro de guerra e de massacres das tropas coloniais e rodesianas em Moçambique!
Cesário Borga foi correspondente da RTP em Madrid, jornalista, sindicalista e um verdadeiro autodidata, conseguindo, já no fim da carreira profissional, formar-se em comunicação social.CADA GUERRA É UMA DESTRUIÇÃO DO ESPÍRITO HUMANO!Esta é a primeira frase do livro.