GOVERNOS NÃO MANDAM!-Diz sindicalista latino-americano

«Hoje não temos governos na Europa» -diz Eduardo Estevez, sindicalista argentino e conhecido dirigente da Ex -Confederação Mundial do Trabalho (CMT) de passagem por Lisboa para participar no Congresso da Federação dos Sindicatos da Função Pública que decorre ontem e hoje nesta cidade.

Eduardo aproveitou a sua estadia em Lisboa para visitar a BASE-FUT com quem mantém forte amizade que remontam aos tempos da Revolução de Abril de 1974.

Este sindicalista considera que não são os governos que mandam mas sim as multinacionais e o capital financeiro. «Uma elite de 1% das pessoas no planeta controla os principais recursos e riquezas e manda sobre os restantes 99% das pessoas!» Afirma Eduardo Estevez - «é necessário que o poder político democrático governe o poder económico!»

Depois de ouvir os companheiros da BASE-FUT, que está a preparar o seu Congresso Nacional, Eduardo lembrou uma frase histórica da América latina e portuguesa: «A Luta continua»!

TRABALHO DIGNO PARA TODOS!

A LOC/MTC – Movimento de Trabalhadores Cristãos - vai realizar de 07 a 10 de junho próximo, no Auditório do Cineteatro Municipal João Mota, em Sesimbra, um Seminário Internacional “Pelo Direito ao Trabalho Digno para Todos; desafios e propostas para combater o desemprego estruturante e apoiar a inclusão dos trabalhadores no trabalho”.

Neste Seminário, que conta com o apoio do EZA – Centro Europeu para os Assuntos dos Trabalhadores e da EU – União Europeia, irão participar, para além de membros da LOC/MTC, movimentos e organizações de trabalhadores de Portugal e de outros países da Europa.

No cenário da atual realidade do trabalho precário e do desemprego massivo e estruturante pretendemos, durante esta atividade, analisar e debater estas realidades na procura de soluções e respostas cívicas, impulsionadoras de uma economia mais solidária e equitativa. Pretendemos, ainda, contribuir para inverter o pensamento mercantilista e produtivista sobre as reformas laborais, reafirmando, veementemente, que é pelo trabalho humano, que respeita os direitos dos trabalhadores e a sua dignidade, que edificamos um mundo novo mais justo, solidário e inclusivo.
A BASE-FUT vai participar neste Seminário com uma delegação de dois militantes! Ver programa

PAPEL DOS SINDICATOS E MOVIMENTOS DOS CIDADÃOS

Joao Lourenço, sindicalista da BASE-FUT foi um dos animadores do debate efetuado na Covilhã, em 19 e 20 de Maio organizado em parceria por várias associações e sob o tema a «crise atual e os ventos de mudança». Agora apresenta mais alguns contributos para continuar a reflexão e o aprofundamento.

Joao Lourenço, que foi membro da Comissão Executiva da CGTP até ao último Congresso, teve a responsabilidade naquela Central pelo Departamento do Desenvolvimento Sustentável, Defesa dos Consumidores e Economia Social!


Vivemos um tempo de grandes transições e desafios que estão a moldar a vida de todos os cidadãos. A globalização está a tornar-se controversa e acarreta consigo fortes consequências no aumento da pobreza e no desemprego. Para com o nosso planeta está a trazer profundas transformações colocando em causa a sustentabilidade ambiental.
Iniciamos deixando algumas perguntas. Como vamos de desenvolvimento humano? Que práticas sociais estão a ser implementadas? Para que futuro estamos a caminhar e o que nele queremos construir? Penso que fundamentalmente são estes alguns dos maiores desafios para a presente crise social e económica.

Para compreendermos melhor, hoje há um novo capitalismo que é mais agressivo e poderoso. Desenvolve-se dentro do contexto da globalização, impõe tendências ideológicas de forma disfarçada e afirma-se como sendo a única alternativa. O seu modelo desenvolve-se principalmente a partir das transnacionais e multinacionais, influenciando a economia mundial que domina os governos pela via do seu poder económico.

Face a esta situação os movimentos da sociedade civil procuram responder, principalmente com iniciativas apoiadas principalmente nas ações diretas através ou nas lutas sindicais, manifestações e tomadas de posição ou ainda através dos debates nomeadamente nos Fóruns Sociais Mundiais e Europeus. No entanto muitas outras iniciativas são tomadas por muitas organizações que passam incógnitas como sejam movimentos de carácter ambientais, religiosos e culturais.

SINDICATOS SÃO NECESSÁRIOS!


Os sindicatos têm mantido um trabalho de defesa e protecção dos trabalhadores lutando por salários mais justos, direitos e garantias e dignidade para todos. Mas perante o quadro de crise alguns detractores afirmam que os sindicatos estão ultrapassados e caducos, razão pelo que dizem que deixaram de ser necessários. Ou então querem reservar-lhes um único espaço que é o de ajudarem á implementação das reformas anti-sociais junto dos trabalhadores. Dizem que os sindicatos não interessam porque temos liberdade e que isso é o suficiente. Mas o que oferecem é uma liberdade altamente condicionada á fraqueza natural do trabalhador cuja dependência o sujeita ao isolamento e a ter uma aceitação conformista. Essa condição de falsa liberdade ainda é condicionada através do dumping social exercida por outros trabalhadores sobretudo emigrantes e precários. Noutros casos é através de ameaças da retirada de prémios ou de outros direitos sociais facultativos e por fim vem a ameaça do despedimento.

Outro chavão, o da “competitividade”, que nos afronta e é cada vez mais necessário ser desmontado porque está a ser usado para reduzir salários, liberalizar as leis do trabalho e torná-las mais flexíveis. Todos sabemos que não é com estas medidas que um país se torna mais competitivo mas antes passa essencialmente por opções políticas e estratégicas, pelo combate ao dumping das deslocalizações de empresas, pelo fomento e pela melhoria da organização empresarial, da inovação, da formação e do conhecimento.

TEMPO DE TRABALHO É FUNDAMENTAL!

O tempo do trabalho é uma causa fundamental porque é o principal recurso que todos temos e que não é repetível. O seu uso por nós ou por terceiros tem um valor que não podemos deixar ao arbítrio nem ser desprezado. Ele é tão valioso e não se mede só em dinheiro é a nossa própria vida. O empresário em troca do nosso tempo vende-o em dinheiro ou em produtos calculando minuciosamente, pois para a empresa o tempo é muito valioso. E então para o trabalhador? Quando se trata dele já não se trata de coisa tão valiosa? Pode ser facilmente flexibilizado como se não houvesse mais vida para além do trabalho?
Como vimos é necessário dotar os cidadãos com mais informação e conhecimento, com mais instrumentos de análise e até de interpretação dos acontecimentos socioeconómicos. Que pensar, por exemplo dos despedimentos, muitos são motivados pelo dumping social, e pelos mercados desregulados mais apetecíveis onde as empresas se instalam deixando para trás a fome a miséria?

SUSTENTABILIDADE E AMBIENTE!

A cidadania participativa e activa tem um papel muito importante na mobilização e na tomada da consciência das pessoas assim como no acompanhamento das implicações do sistema socioeconómico e social, a que urge dar mais destaque e importância. Para além da mobilização necessária das pessoas deve haver uma estratégia para a erradicação da pobreza e para a defesa do meio ambiente. Ter iniciativa de luta e defesa dos valores contidos e desenvolvidos dentro dos próprios movimentos sobretudo naqueles que nos dizem mais respeito e á Europa.

Hoje, 20 anos após a 1ª. Cimeira da Terra a pobreza aumentou em termos absolutos. Metade dos trabalhadores do mundo vive na precariedade. O desemprego atinge níveis recordeAs emissões nocivas com efeito de estufa preocupa-nos e assim como a escassez de recursos não renováveis. A biodiversidade está preocupantemente comprometida.

Face a isto a sociedade civil organizada, deverá ter uma intervenção ainda mais benéfica e integrar na sua principal acção estratégias amplas de combate ás causas do empobrecimento e unir-se convergindo com outras organizações que trabalham em áreas tão importantes como a defesa do meio ambiente e da inclusão social.
Estamos em véspera da Cimeira do Rio+20, é altura de reivindicar dos poderes.A criação de um patamar comum de proteção social universal enquadrado pela OIT.

Uma taxa sobre transações financeiras. Um objetivo de pelo menos 50% de mais empregos verdes e dignos até 2015.Reforço e apoio ao Programa das Nações Unidas para a criação de um conselho de alto nível para o desenvolvimento sustentável e do progresso humano.Também na Europa temos que reivindicar a sua estratégia do desenvolvimento sustentável.

Abolir medidas injustas de austeridade, que não criarão emprego nem competências nem um futuro económico sustentável e humano que é vital para todos nós.

Reforçar o modelo social europeu e a dimensão do emprego.Promover a solidariedade e a segurança económica.Reconhecer a importância do diálogo social e da sua verdadeira negociação coletiva para uma coesão social efetiva.

A complexidade com que se desenvolve a economia dá um espaço que deve ser aproveitado para o fortalecimento da economia social e solidária que em muitos casos preenche as necessidades básicas e o acesso a direitos onde o mercado não vai por não ser rentável. Sabemos que há iniciativas altruístas de voluntariado que prestam ajudas sem qualquer outro interesse que não o de fazer bem. Por exemplo no desenvolvimento local comunitário, na valorização recursos naturais e do património e pelo proporcionar acesso ao bem estar de todos os habitantes.

Com uma maior divulgação e conhecimento das muitas experiências do que se fazem cá e em muitos outros países certamente que se despertaria novas potencialidades para a dinamização e empenho e dedicação às causas defendidas pela sociedade civil. A condição humana está sempre presente na centralidade do trabalho fator da realização pessoal de cada um face aos desafios que o envolvem.

PARTICIPAÇÃO ATIVA!

Finalmente a cidadania é a qualidade em que o cidadão participa e imprime durante a sua passagem pela vida em colectivo é também o futuro que partilha com e pelos outros e em que é solidário e beneficiário ao mesmo tempo. É de direito ser cidadão para na sua condição poder contribuir e exercer a sua plena cidadania política.

A cidadania na Europa, passa pela participação dos cidadãos através das suas organizações estarem presentes na vida económica, legislativa, sociais, culturais e ambientais. E isto passa pelo aprofundamento da democracia para que todos possam estar informados e exercer a cidadania, designadamente através da irradicação da pobreza e da exclusão social.

O futuro do planeta , o maior desafio para todos, passa pela sua sustentabilidade de hoje e de amanhã. Estamos a viver uma fase difícil porque a vivemos em crise mas isso não deve esquecer as preocupações ecológicas nem a qualidade ambiental e material das gerações vindouras que dependem do que fizermos por elas agora. Assim o desafio está em viver hoje evitando delapidar demasiado os bens não renováveis e isso impõe contenção no consumo, produzindo bens e equipamentos duráveis e úteis. Controlar as emissões de oxido de carbono, os gastos de água potável sem poluí-la, respeitar a pegada ecológica sempre que possível. Este é um papel que os governos ainda pouco fazem. A sociedade civil tem um papel insubstituível.

É preciso reconhecer o papel de cada organização no contexto da Europa. O valor de cada uma sem desprezo pelo que ela faz, é sempre muito importante independente do seu tamanho, seja ela sindicato ONG ou simples associação de consumidores ou de automobilistas ou ainda da economia social, cooperativa etc. O trabalho de todas as organizações é sempre relevante para a promoção da cidadania actuante e democrática, verdadeira alternativa para uma resposta á presente crise e á construção de um novo futuro.








CONGRESSO DA BASE-FUT-Devolver a esperança...



«O XV Congresso Nacional da BASE – FRENTE UNITÁRIA DE TRABALHADORES, vai realizar-se num momento particularmente difícil para os trabalhadores e para os cidadãos em geral» -diz Joao Paulo Branco Coordenador Nacional desta Organização criada na Costa de Caparica em Novembro de 1974, num plenário de mais de uma centena de trabalhadores, na sua maioria oriundos dos movimentos de trabalhadores cristãos que lutaram contra a ditadura pela democracia!
«O nosso país encontra-se num momento de grande dificuldade e de grandes alterações políticas e sociais. A chegada ao poder da direita deu-se no pior momento para os trabalhadores e, coincidentemente, no melhor momento para os neoliberais que dominam o atual governo-acrescenta o Coordenador da BASE - FUT que explica melhor a sua ideia:

«Sim, neo- liberais, porque as politicas que aplicam e defendem tão empenhadamente nada têm de social-democracia ou de democracia cristã. Politicas onde as pessoas são sistematicamente deixadas para último lugar, onde a dignidade dos trabalhadores, dos mais idosos e os sonhos dos jovens são todos os dias postos em causa. São políticas claras de um neo-liberalismo desenfreado, que em certos momentos parecem querer acertar contas com a história mais recente do nosso povo.

No último ano, temos sido bombardeados com discursos que insistem em fazer-nos querer que somos os culpados por toda esta situação, que somos os responsáveis pela crise, porque fomos irresponsáveis e vivemos “acima das nossas possibilidades”.

TRABALHADORES NÃO SÃO OS RESPONSÁVEIS PELA CRISE!

Há anos coordenando uma organização de militantes sociais, a BASE-FUT, com vastas relações internacionais, e simultaneamente empregado numa multinacional do ramo automóvel, João Paulo considera que esta crise é injusta para os trabalhadores e afeta em especial o nosso país e a Europa:

«Estas acusações não são apenas uma tremenda injustiça, como são tremendamente falsas pois se houve alguém que não foi responsável por esta crise foram os trabalhadores, os reformados e os jovens.»
Se esta crise tem responsáveis-diz-nos João Paulo- eles podem ser facilmente identificados. Foram aqueles que sistematicamente insistiram em viver da especulação financeira, que sistematicamente nos tentavam convencer de que não precisávamos do Estado, que os mercados se auto regulavam, que o futuro das nossas sociedades passava somente pela iniciativa privada, pois tudo o que era público era mau e despesista» e acrescenta ainda João Paulo:

«Convém também dizer que esta crise não é uma crise de Portugal, mas sim uma crise da Europa e do mundo. E neste cenário, Portugal sendo um país periférico e pequeno, tem vindo a sofrer de uma maneira muito intensa esta crise, não porque fomos maus alunos e despesistas como alguns querem fazer querer, mas sobretudo, porque tal como agora nos mandam ser austeros, noutros momentos ainda do passado recente disseram-nos que devíamos consumir.»

FORTE CRISE DE SOLIDARIEDADE NA EUROPA!

Na opinião de João Paulo a crise da Europa é sobretudo uma crise de solidariedade e, em particular, com os pequenos países:

«A esta Europa faltou, neste momento de crise, um dos seus pilares principais: a solidariedade. Também a justiça tem estado alheada da Europa, pois não é justo que, enquanto alguns, os poderosos, não cumpriram com os limites de deficit não resultando daí qualquer problema, agora, que são sobretudo os mais pequenos a fazê-lo, é muito grave e devem até ser sancionados - esta não é a Europa do Tratado de Roma.»

Concluindo a sua reflexão, João Paulo apela a uma maior participação social e política dos cidadãos:
«O objetivo desta reflexão não é uma análise política da situação, mas sim dizer-vos que, perante este cenário de tamanhas injustiças e de grotescos ataques ao estado social e ao estado de bem-estar, é necessário, mais uma vez, sairmos do nosso “conforto” e participarmos activamente na sociedade civil. Só através de uma participação activa e contínua poderemos garantir que o presente não se torne em passado.
Actualmente muitos dizem que isso de direitos adquiridos é algo que não existe, que era uma falsa assunção. No entanto, creio que a melhor maneira de preservar os nossos direitos é nunca permitir que os mesmos sejam postos em causa e isso só é possível através de uma cidadania activa e forte, de uma participação cívica responsável.»


AUMENTAR A PARTICIPAÇÃO CÍVICA!

Para o Coordenador Nacional o Congresso da BASE-FUT inscreve-se no quadro desta necessária participação cívica:

«O nosso Congresso vai ter lugar num momento particularmente difícil, mas também é verdade que temos a oportunidade de realizar um Congresso num momento em que a nossa sociedade, e em particular a sociedade civil, mais precisa de momentos de reflexão e aprofundamento sobre a sociedade moderna, sobre a valência das nossas democracias.
Neste contexto, será então importante que consigamos que o Congresso da BASE-F.U.T seja um momento de enaltecimento da democracia participativa e da defesa dos trabalhadores e dos mais desfavorecidos, um momento de devolução da esperança que tanto insistem em roubar-nos, um momento de transformação do presente para podermos refazer um futuro melhor.»

















«O FRIGORÍFICO ESTÁ VAZIO!»-Diz Arcebispo de Braga!

 Segundo a Agência Ecclesia «o arcebispo de Braga, D. Jorge Ortiga, alertou este domingo para as consequências económicas e sociais do desemprego, fenómeno que “não para de aumentar” e que “assombra” as famílias portuguesas.


“As contas ficam por pagar, o frigorífico começa a ficar vazio e o ambiente relacional crispa-se”, frisou o responsável pela ação social da Igreja Católica na missa a que presidiu em Caxinas, Vila do Conde, por ocasião do Dia da Família da Arquidiocese de Braga.

Há “deveres e direitos próprios da família que merecem ser respeitados, tendo em conta a própria sobrevivência da sociedade”, sustentou o prelado na homilia, publicada no site diocesano, acrescentando que diante da “negação do direito ao trabalho” os agregados familiares precisam de se “conhecer” e “ajudar”.Ler



DESEMPREGO NAS POUSADAS DE PORTUGAL!

A primeira Pousada de Portugal, construída em 1942 na sequência da Lei n.º 31.259, de 1 de Maio de 1941, por iniciativa de António Ferro, foi definitivamente encerrada.

O Grupo Pestana Pousadas comunicou hoje, simultaneamente, à Comissão de Trabalhadores e ao Sindicato de Hotelaria do Sul o encerramento definitivo da Pousada de Santa Luzia, em Elvas.

A mais antiga unidade da rede das Pousadas de Portugal viu assim o seu percurso interrompido, com a Cidade de Elvas e o Alentejo a ficarem mais pobres em termos de turismo. Em muitas regiões, as Pousadas eram os maiores empregadores e muitas tiveram como objectivo ajudar a desenvolver certas localidades.

A Comissão de Trabalhadores entende que a primeira responsabilidade pelo seu encerramento deve ser assumida pelo Grupo Pestana Pousadas, que foi incapaz de dar uma nova dinâmica a esta unidade, mas nesta hora é preciso perceber que foi a privatização, em 2003, do capital social das Pousadas em 49% pelo Governo PSD/CDS de então e a entrega da gestão total ao Grupo Pestana Pousadas que está na origem do encerramento definitivo das Pousadas de Elvas e Sousel e da saída da rede de Vale do Gaio, Quinta da Ortiga, São Brás de Alportel e do Marão, entre outras, pois tal é permitido pelo "Contrato de Cessão de Exploração da Rede de Pousadas".

O referido contrato foi assinado em 08 de Agosto de 2003 entre a ENATUR – Empresa Nacional de Turismo, S. A., e a República Portuguesa, através da Direcção-Geral do Património, com o Grupo Pestana, SGPS, S. A., e a empresa criada especificamente para a exploração das Pousadas, a Grupo Pestana Pousadas – Investimentos Turísticos, S. A.

Pese embora o encerramento, a maioria dos trabalhadores chegou a acordo com a Empresa, ou para serem transferidos para outras unidades da Rede ou através de rescisões amigáveis.

O encerramento de algumas das Pousadas é também um dos sinais dos tempos que vivemos. Nas décadas anteriores, muitas autarquias lutavam com os Governos e com a ENATUR para serem construídas Pousadas nas suas localidades, como forma de criar emprego com vista ao desenvolvimento dessas regiões. Hoje não se ouve nenhuma voz nem de autarcas, nem de deputados, pela manutenção das Pousadas.

Os poderes políticos deixaram de proteger as suas localidades, deixaram de proteger os seus cidadãos.

Comissão de Trabalhadores

INICIATIVA DE APOIO A DESEMPREGADOS!

É uma iniciativa de apoio voluntário a desempregados, localizada no Centro Paroquial da paróquia de S. José, na cidade da Covilhã, proposta pelo secretariado diocesano da LOC/ MTC, e em cooperação com a Conferência de S. Vicente de Paulo. Começou no mês de Fevereiro. Numa primeira fase tem lugar às quintas-feiras, entre as 17h e as 20 horas, ampliando-se este horário à medida que se justificar.



Com esta iniciativa que não pode, obviamente, substituir os serviços e entidades públicas, pretende-se nomeadamente:

• Ouvir e acolher pessoas em situação de desemprego, ajudando a que o tempo de desemprego não seja um tempo perdido.

• Prestar informações e esclarecimentos úteis, a partir das interrogações relacionadas com a sua situação de desemprego.

• Ajudar a encarar melhor possíveis oportunidades de trabalho e emprego.

• Pretende-se ainda com este apoio voluntário a pessoas desempregadas:


- Encorajar ao empenhamento em formação pessoal e profissional

- Apoio no sentido da procura de possíveis oportunidades de trabalho/ emprego

- Incentivar à procura de informações úteis à sua situação concreta no Centro de Emprego, Segurança Social, Repartição de Finanças (possível isenção do Imposto sobre Imóveis), isenção de taxa moderadora nos Serviços de Saúde.

- Ajudar a ponderar a viabilidade de criação do próprio posto de trabalho

- Dinamizar um processo que possa levar à organização e aproveitamento de um conjunto de hortas familiares.

Como em qualquer outra comunidade, freguesia, cidade ou região do país, as famílias estão actualmente confrontadas com a realidade do desemprego e do trabalho precário com uma dimensão de que não temos memória no nosso país, e com todo o rol de consequências para as pessoas, para as famílias e a sociedade.

Esta realidade não pode deixar de interpelar qualquer comunidade de crentes e pessoas de boa vontade. Por razões acrescidas, a situação de tantas pessoas e famílias à nossa volta sem trabalho e outros tantos com trabalho precário e em condições de violação da lei e da dignidade do trabalhador, não pode deixar de ser uma prioridade na acção do Movimento de Trabalhadores Cristãos.

É neste sentido que se enquadra também esta iniciativa de apoio voluntário a desempregados da responsabilidade da equipa interparoquial de militantes da LOC/MTC, envolvendo animadores, militantes e amigos, com experiência profissional e social na área do apoio a pessoas desempregadas, entre as quais um técnico de desenvolvimento local e um sociólogo.

José Manuel Duarte

Abril de 2012



BASE-FUT PREPARA CONGRESSO NACIONAL!

No próximo dia 19 do corrente mês de Maio reune a Assembleia Regional do Porto/Norte da BASE-FUT para preparar o congresso nacional que decorrerá a 16/17 de Junho.Os militantes vão debater os meios e  as formas de ação na região no sentido de modernizar a organização, para além de debaterem uma moção sobre trabalho e sindicalismo.

O debate terá lugar na sede regional na Rua Passos Manuel,2009-1º no Porto.
As parcerias com outros movimentos, o trabalho com a juventude e a defesa dos interesses dos trabalhadores são alguns dos temas.
A BASE do Porto tem uma forte componente de militantes oriundos dos movimentos operários católicos, para além de outras pessoas que se foram juntando para trabalharem em conjunto.Centenas de pessoas já trabalharam com a BASE naquelas regiões, nomeadamente a nível sindical, cooperativo e em associações sociais.

DESEMPREGO JOVEM DEBATIDO NA OIT!


A Conferencia Internacional do Trabalho vai debater na sua 101ª Sessão, em Junho, o desemprego jovem no mundo. Um pequeno relatório da OIT chama a atenção para este problema que em Portugal e na vizinha Espanha é dramático! Para os jovens não há emprego e o que há é de pouca qualidade! A precariedade é a situação normal dos jovens que conseguem trabalho. Mas com as políticas de austeridade, e quase nulo investimento público e privado, seguidas na zona euro será possível dar a volta a este problema? Claro que não!

«O mundo está a enfrentar uma crise crescente do emprego jovem.»-Diz o relatório referido que acrescenta:

«Os dados mais recentes da OIT indicam que, numa estimativa a nível mundial, existiam 205,2 milhões de jovens desempregados em 2009: Destes, cerca de 37% - ou seja, 75,8 milhões tem idades compreendidas entre os 15 e os 24 anos.* Hoje, quer os países industrializados quer os países em desenvolvimento não estão a ser bem sucedidos no que diz respeito à criação de oportunidades de emprego para jovens.

«A criação de empregos para os jovens não é suficiente.


Por todo o mundo, os jovens têm não só dificuldade em encontrar um emprego como se tornou impossível arranjar um, mas também não conseguem encontrar empregos dignos...Estamos a enfrentar não só um desafio económico, mas uma ameaça à segurança de proporções monumentais.»


Juan Somavia – Diretor-geral da OIT

Nunca como agora tantos jovens são vítimas da pobreza e do subemprego. Cerca de 152 milhões trabalham mas residem em agregados familiares que ganham menos do que 1,25 USD por dia.

E milhões de jovens caíram na armadilha do trabalho temporário, trabalho a tempo parcial involuntário ou trabalho informal, que oferecem poucos benefícios e perspetivas limitadas de desenvolvimento. Não há dúvida que alguma coisa tem de ser feita.»- diz o Relatório da OIT



DITADURA E POBREZA!

O primeiro-ministro anunciou que íamos empobrecer, com aquele desígnio de falar "verdade", que consiste na banalização do mal, para que nos resignemos mais suavemente. Ao lado, uma espécie de contabilista a nível nacional diz-nos, como é hábito nos contabilistas, que as contas são difíceis de perceber, mas que os números são crus. Os agiotas batem à porta e eles afinal até são amigos dos agiotas. Que não tivéssemos caído na asneira de empenhar os brincos, os anéis e as pulseiras para comprar a máquina de lavar alemã. E agora as jóias não valem nada. Mas o vendedor prometeu-nos que... Não interessa.


Vamos empobrecer. Já vivi num país assim. Um país onde os "remediados" só compravam fruta para as crianças e os pomares estavam rodeados de muros encimados por vidros de garrafa partidos, onde as crianças mais pobres se espetavam, se tentassem ir às árvores. Um país onde se ia ao talho comprar um bife que se pedia "mais tenrinho" para os mais pequenos, onde convinha que o peixe não cheirasse "a fénico". Não, não era a "alimentação mediterrânica", nos meios industriais e no interior isolado, era a sobrevivência.

Na terra onde nasci, os operários corticeiros, quando adoeciam ou deixavam de trabalhar vinham para a rua pedir esmola (como é que vão fazer agora os desempregados de "longa" duração, ou seja, ao fim de um ano e meio?). Nessa mesma terra deambulavam também pela rua os operários e operárias que o sempre branqueado Alfredo da Silva e seus descendentes punham na rua nos "balões" ("Olha, hoje houve um ' balão' na Cuf, coitados!"). Nesse país, os pobres espreitavam pelos portões da quinta dos Patiño e de outros, para ver "como é que elas iam vestidas".

Nesse país morriam muitos recem-nascidos

Nesse país morriam muitos recém-nascidos e muitas mães durante o parto e após o parto. Mas havia a "obra das Mães" e fazia-se anualmente "o berço" nos liceus femininos onde se colocavam camisinhas, casaquinhos e demais enxoval, com laçarotes, tules e rendas e o mais premiado e os outros eram entregues a famílias pobres bem- comportadas (o que incluía, é óbvio, casamento pela Igreja).

Na terra onde nasci e vivi, o hospital estava entregue à Misericórdia. Nesse, como em todos os das Misericórdias, o provedor decidia em absoluto os desígnios do hospital. Era um senhor rural e arcaico, vestido de samarra, evidentemente não médico, que escolhia no catálogo os aparelhos de fisioterapia, contratava as religiosas e os médicos, atendia os pedidos dos administrativos ("Ó senhor provedor, preciso de comprar sapatos para o meu filho"). As pessoas iam à "Caixa", que dependia do regime de trabalho (ainda hoje quase 40 anos depois muitos pensam que é assim), iam aos hospitais e pagavam de acordo com o escalão. E tudo dependia da Assistência. O nome diz tudo. Andavam desdentadas, os abcessos dentários transformavam-se em grandes massas destinadas a operação e a serem focos de septicemia, as listas de cirurgia eram arbitrárias. As enfermarias dos hospitais estavam cheias de doentes com cirroses provocadas por muito vinho e pouca proteína. E generalizadamente o vinho era barato e uma "boa zurrapa".

E todos por todo o lado pediam "um jeitinho", "um empenhozinho", "um padrinho", "depois dou-lhe qualquer coisinha", "olhe que no Natal não me esqueço de si" e procuravam "conhecer lá alguém".

Na província, alguns, poucos, tinham acesso às primeiras letras (e últimas) através de regentes escolares, que elas próprias só tinham a quarta classe. Também na província não havia livrarias (abençoadas bibliotecas itinerantes da Gulbenkian), nem teatro, nem cinema.

Aos meninos e meninas dos poucos liceus (aquilo é que eram elites!) era recomendado não se darem com os das escolas técnicas. E a uma rapariga do liceu caía muito mal namorar alguém dessa outra casta. Para tratar uma mulher havia um léxico hierárquico: você, ó; tiazinha; senhora (Maria); dona; senhora dona e... supremo desígnio - Madame.

Os funcionários públicos eram tratados depreciativamente por "mangas-de-alpaca" porque usavam duas meias mangas com elásticos no punho e no cotovelo a proteger as mangas do casaco.

Eu vivi nesse país e não gostei. E com tudo isto, só falei de pobreza, não falei de ditadura. É que uma casa bem com a outra. A pobreza generalizada e prolongada necessita de ditadura. Seja em África, seja na América Latina dos anos 60 e 70 do século XX, seja na China, seja na Birmânia, seja em Portugal

Isabel do Carmo



FÉRIAS CULTURAIS!

O Centro de Formação e Tempos Livres (CFTL) vai manter a tradição e organizar duas semanas  de férias culturais em Coimbra.Este ano a primeira semana decorre de 30 de Junho a 8 de Julho  e a segunda decorre de 25 de Agosto a 2 de Setembro.
Como é costume estão previstas diversas atividades com destaque para passeios na cidade Coimbra, Leiria e Aveiro e idas ás praias fluviais do mondego.O convívio fraterno, o descanso e a criatividade são os grandes eixos destas iniciativas.
As semanas culturais animadas por militantes da BASE-FUT já se realizam desde a década de oitenta do século passado mantendo um público fiel!
Os preços deste ano por pessoa, com tudo incluído, são:

Com quarto individual: 415€
Com quarto duplo: 375€
Camarata: 340€

Contactar Comissão Dinamizadora de associados:
tel.351 288120720
cftlnet@mail.telepac.pt


MORRER DE PÉ NA PRAÇA SYNTAGMA!


Quando se ouviu um tiro na Praça Syntagma,

logo houve quem dissesse: “É a polícia que ataca !”.

Mas não, Dimitris Christoulas trazia consigo a arma,

a carta de despedida, a dor sem nome, a bravura,

e vinha só, sem medo, ele que já vivera os tempos

de silêncio e chumbo do terror dos coronéis.

Mas nessa altura era jovem e tinha esperança.

Agora tudo isso findara, mas não a dignidade,

que essa, por não ter preço, não se rende nem desiste.


Dimitris Christoulas podia ser apenas um pai cansado,

um avô sem alento para sorrir, um irmão mais velho,

um vizinho tão cansado de sofrer. Mas era muito mais

do que isso. Era a personagem que faltava

a esta tragédia grega que nem Sófocles ou Édipo

se lembraram de escrever, por ser muito mais próxima

da vida do que da imaginação de quem efabula.

Ouviu-se o tiro, seco e certeiro, e tudo terminou ali

para começar logo no instante seguinte sob a forma

de revolta que não encontra nas bocas

as palavras certas para conquistar a rua.

Quando assim acontece, o silêncio derruba muralhas.

Aos jovens, que podiam ser seus filhos e netos,

o mártir da Praça Syntagma pediu apenas

para não se renderem, para não se limitarem

a ser unidades estatísticas na humilhação de uma pátria. Não lhes pediu para imitarem o seu gesto,

mas sim que evitassem a sua trágica repetição.

E eles ouviram-no e choraram por ele, e com ele,

sabendo-o já a salvo da humilhação

de deambular pelas lixeiras para não morrer de fome.


Até os deuses, na sua olímpica distância,

se perfilaram de assombro ante a coragem deste gesto.

Até os deuses sentiram desprezo, maior do que é costume, pela ignomínia de quem se vende

para tornar ainda maior a riqueza de quem manda.

A Dimitris bastou um só disparo, limpo e breve,

para resumir a fogo toda a razão que lhe ia na alma. Estava livre. Tornara-se herói de tragédia

enquanto a Primavera namorava a bela Atenas,

deusa tantas vezes idolatrada e venerada.

Assim se despedia um homem de bem,

com a coragem moral de quem o destino não vence.


Quando o tiro ecoou na praça de todas as revoltas,

Dimitris Christoulas deixou voar uma pomba,

uma borboleta, uma gaivota triste do Pireu

e disse, com um aceno: “Eu continuo aqui,

de pé firme, porque nada tem a força de um homem

quando chega a hora de mostrar que tem razão”.

Depois vieram nuvens, flores e lágrimas,

súplicas, gritos e preces, e o mártir da Syntagma,

tão terreno e finito como qualquer homem com fome,

ergueu-se nos ares e abraçou a multidão com ternura.


José Jorge Letria


6 de Abril de 2012