MUDANÇAS NO TRABALHO (I)

O mundo do trabalho está a mudar a uma velocidade vertiginosa procurando responder às exigências das empresas e das novas tecnologias no quadro de uma globalização de cariz profundamente neo-liberal. Nestas mudanças salienta-se o aumento do número das pequenas empresas, das mudanças ao nível dos métodos de gestão, o recurso crescente à subcontratação e ao trabalho temporário, mudanças no horário de trabalho, ao local de trabalho, enfim a uma crescente flexibilidade para responder á crescente competitividade, controlando os custos salariais, aumentando os lucros e a acumulação do capital. O grande objetivo do capital é o
trabalho «a la carte», á jorna á peça, á hora! 
Esta nova situação coloca em causa valores e princípios fundamentais dos trabalhadores nomeadamente a segurança no emprego, a integridade física e psíquica dos mesmos, fronteira entre tempo de trabalho e de descanso. Estas mudanças exigem um repensar constante da acção sindical tradicional, procurando novas formas de intervenção na medida em que aspetos essenciais do mundo do trabalho, como o horário de trabalho, a saúde e segurança e o bem -estar dos trabalhadores, serão no futuro questões centrais pelas quais se deverá lutar prioritariamente. 

1. Recursos Humanos envelhecidos 

 A composição dos recursos humanos na Europa têm estado a evoluir. A primeira tendência está relacionada com o envelhecimento das pessoas”. Os trabalhadores mais idosos estão a sofrer grandes pressões com as mudanças tecnológicas e organizacionais. Os programas de formação, a vigilância médica e os horários de trabalho serão muito importantes para estes trabalhadores. As atuais políticas económicas do capitalismo são contraditórias. Ora exigem que os trabalhadores mais velhos estejam mais tempo no trabalho, ora os despedem porque não se adaptam…. 

2. Aumento do número de mulheres no trabalho

 Uma segunda tendência importante a assinalar é o aumento da percentagem de mulheres empregadas. Continuam as diferenças entre homens e mulheres no trabalho nomeadamente nas tarefas a executar e nos salários. Numerosas mulheres exercem atividades altamente stressantes e a autonomia é restrita. O “ mundo do trabalho” ainda está muito centrado nas necessidades dos homens, inclusive os horários e os equipamentos de trabalho. 
Há uma «reflexão a aprofundar no sentido de se fazer uma abordagem do trabalho tendo em conta as necessidades específicas da mulher. Nas próprias organizações de trabalhadores esta questão não é devidamente equacionada. A cultura empresarial também muda na medida em que a percentagem de trabalhadoras aumenta.Com a crise as mulheres estão altamente pressionadas inclusive quando pretendem ser mães. 

3. A Imigração 

 A terceira grande tendência no “mundo do trabalho” europeu é a imigração de novas categorias de trabalhadores. Um problema importante é a vaga de imigração de licenciados dos países do sul para o norte da Europa. A questão mais séria é, no entanto, a dos imigrantes não qualificados.
 Aqui está um desafio político e social muito complexo e que está a condicionar inclusive outras grandes questões da Europa. É um problema para o qual ainda não se está bem preparado. É uma questão que exige intervenção política e social em novos moldes e onde os sindicatos se sentem divididos enquanto defensores dos trabalhadores locais. É uma questão que deve ser resolvida fundamentalmente no âmbito comunitário para impedir o “doping social” e uma integração humana dos trabalhadores imigrantes. 
Atualmente existem várias máfias de tráfico de trabalhadores a que urge pôr termo. As recentes tendências conservadoras na Europa procuram resolver ilusoriamente o problema a nível nacional. O combate ao trabalho clandestino deve ser implacável, legalizando todos os trabalhadores imigrantes que devem ficar com direitos iguais aos trabalhadores locais. Os sindicatos, as ONG,s e outras instituições como a Igreja devem desempenhar aqui um papel fundamental. 
 A.B.
 Continua.....
 

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