UM PADRE DO POVO!

Joaquim Batalha, conhecido sacerdote católico, vai agora fazer 50 anos de atividade ao serviço de várias comunidades cristãs na Região Oeste, norte de Lisboa. O Joaquim Batalha teve um papel relevante na dinamização dos Movimentos da Ação Católica Rural já antes do 25 de abril, em particular no desenvolvimento da consciência cívica do povo, colocando os cristãos ao ritmo do concílio Vaticano II e os mais militantes numa posição de rutura com a ditadura, nas décadas de sessenta e setenta do século passado. 
A Ação Católica Rural do Oeste, Patriarcado de Lisboa, teve e ainda hoje tem uma importante implantação militante, contribuindo para o evoluir das pessoas, sob ponto de vista económico e social na Região. Um dos sinais e símbolos mais significativos desta realidade é a Casa do Oeste, em Ribamar, concelho da Lourinhã, sede da Fundação João XXIII de que o Padre Batalha tem sido um dos maiores animadores. A vida do Padre Batalha quase se confunde com a vida destas iniciativas e com a História da Ação Católica no Patriarcado. Resistente e persistente, este homem corajoso dedicou uma vida inteira á pastoral no meio rural. Aprendeu muito com os agricultores e ensinou também, nomeadamente na edição, pois sempre gostou de boletins e jornais.
 Dedicou muito do seu tempo a reunir com os agricultores, apoiando diversas formas de organização destes, nomeadamente no âmbito cooperativo e associativo com destaque para o CERCOOP-Centro de Cultura e Estudos Rurais e MSR-Movimento de Solidariedade Rural. Sendo sacerdote e não um trabalhador assalariado foi sempre visível a sua compreensão e até solidariedade para com as lutas dos trabalhadores, dando um apoio precioso ao seu irmão António nas lutas que este travou na FOC como membro da Comissão de Trabalhadores e desenvolveu inclusive várias ações neste domínio, no âmbito do Grupo «Diálogo Social».
Com Acácio Catarino, sociólogo e conhecido militante católico e outros investigadores foi para o Alentejo nos anosde 1976, fazer inquéritos para um livro sobre a Reforma Agrária numa perspetiva cristã, num momento em que aquela já estava a ser colocada em questão pelos governos. Como sacerdote e como militante o Joaquim esteve inteiramente dedicado ao povo é à Igreja mesmo nos períodos mais complicados do pós-25 de abril. A sua vida, as suas ideias, o seu trabalho diário e discreto, mas também a sua maneira de ser angariou-lhe muitas amizades mas igualmente inimigos, alguns dos quais chegaram a ameaça-lo de morte!
Ele aguentou estoicamente, com sofrimento, mas mantendo as suas convicções e perspetivas pastorais. Por diversas vezes a BASE-FUT precisou de estudar e perceber determinadas realidades agrícolas e do desenvolvimento rural. Sempre encontrou abertura e simpatia da parte do Joaquim Batalha. Aqui fica a nossa singela homenagem e parabéns numa data de grande significado pessoal e pastoral.

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