ECOS DE UMA SARDINHADA QUE NÂO QUERIA SER MILITANTE!



Por José Vieira*

Decorria aquele sábado quente de 11 de Julho de 2015, em todo o país. Na capital já se sentia a debandada dos trabalhadores a gozarem alguns dias de férias, os que as podem gozar, ou que ainda se dão àquele luxo de irem para parte incerta no país à beira-mar ou no interior.
As festas populares em Lisboa já tinham acabado, embora se visse ainda alguns rastos neste ou naquele bairro, como era o caso do Intendente, ali pertinho das instalações da Câmara Municipal de Lisboa.
As pessoas iam chegando aos pouco e pouco ao nº 15 da Rua Maria. Abrem-nos a porta e já cheira a sardinhas. Ora bem, vínhamos exactamente para esse acontecimento. Sim porque a sardinhada dos basistas já assentara arraiais, tornando-se no evento onde se vem para conviver, para se estar na franca cavaqueia com os amigos e conhecidos, para saborear as iguarias, umas preparadas na horas, outras já confeccionadas para serem partilhadas por todos. Naquele sábado não era uma actividade com carácter militante, interventivo, político ou social. A sardinhada da BASE-FUT tornou-se no encontro anual de convívio e festa.
A mesa das sobremesas estava repleta de muitas e variadas frutas, frutos secos, o arroz feito pelo Avelino (onde se pode ler BASE-FUT é única), diversos bolos e bolinhos, a sangria preparada com frutas aguardava o gelo para se tornar mais fresca. No salão as mesas estavam todas postas para receber mais de uma quarentena de militantes, amigos e simpatizantes da organização. Lá fora, no pátio, um toldo azul protegia do sol os obreiros que assavam as sardinhas, que eram retidas com mil cuidados das caixas em esferovite. O João e Maria iam colocando as sardinhas nas grelhas e retirando as que já estavam assadas para um recipiente hermético para mantê-las quentes.

Conversas animadas

Chegam a Margarida e o João Paulo transportando a menina Simone, que teve honras de princesa. Era a primeira vez que vinha às instalações da BASE-FUT bem conhecida do Coordenador Nacional. Todos e todas se aproximaram para admirarem aquela bela criança, para lhe falarem, para lhe transmitirem gestos. A Simone lá ia gesticulando sem nunca se assustar ou se sentir incomodada. Foi uma grande alegria para os adultos tomarem contacto com aquele bebé que sempre se manteve sereno e afirmativo.
À uma da tarde as pessoas começavam e estar com fome. Os mais aventureiros iam passando e retirando aqui e ali umas frutas, uns frutos secos, uma fatia de broa. As conversas entre grupos continuavam bem animadas. As sardinhas estavam quase todas assadas, as pessoas começavam a servirem-se de saladas e eis que a Manuela e o José Vieira começavam a distribuir igualitáriamente as sardinhas nos pratos dos presentes. Não era de admirar haver mais mulheres do que homens. Aliás a BASE-FUT em Lisboa sempre foi mais feminina que masculina.
A sangria e a água iam sendo distribuídas copo a copo, conforme os desejos de cada um, uma. Mais umas rodadas de distribuição de sardinhas até os cozinheiros se sentarem para comer e descansar um pouco. Os parabéns a todos da organização mas particularmente ao João e à Maria.
A tarde continuava animada em conversas muito diversificadas, menos sobre doenças ou acontecimentos negativos.
Já depois das 16,00 horas o pessoal começa a sair, até que os da organização começam a arrumar e a fazer umas pequenas limpezas para deixarem tudo nos trinques.

Foi um encontro bem vivido e agradável onde predominou a boa disposição e a transmissão de sinergias que reforçam as nossas mentes e alegram a alma.

*Sociólogo e animador de ateliers de escrita criativa

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