RECUPERAR OS SALÁRIOS, POIS CLARO!

Nos próximos meses umas das prioridades da luta do movimento sindical vai ser a recuperação das perdas salariais. Perdas de variados matizes sendo particularmente graves os cortes dos salários aos funcionários públicos e reformados. A sua reposição, mesmo que gradual, é incontornável e inadiável!
Para quem não tem outros rendimentos o salário é a sua propriedade! O que aconteceria em Portugal se tivesse havido um governo que retirasse a propriedade a alguém? Seria apelidado de ladrão, comunista radical, provocador e claro, para os arautos defensores da sagrada propriedade, objeto de derrube legítimo! Ora, então porque não existiu essa indignação perante os cortes salariais e das reformas? Porque efetivamente na nossa sociedade, embora culturalmente moldada pelo respeito absoluto da propriedade, os rendimentos do trabalho não são equivalentes a outros rendimentos oriundos da terra e do capital!
Todavia, o direito de propriedade não é absoluto! Nem a própria Igreja católica defende esse direito como absoluto! A propriedade deve estar subordinada ao bem comum e, em definitivo, o proprietário é um administrador dos bens que são de todos!
Por outro lado, o não pagamento do salário justo e completo é um forte atentado aos direitos da pessoa! Foram muitos os milhares de portugueses que ficaram sem emprego e sem subsídio de desemprego recorrendo á caridade alheia! Foram muitos os portugueses que viram os seus rendimentos reduzidos drasticamente! Justificação? A dívida e a necessidade de pagar aos credores! Ou seja , a supremacia do capital e dos que ganham com os juros sobre o trabalho e sobre a dignidade da pessoa e o direito à sobrevivência!
A imoralidade social neste país é tanta que alguns políticos e a maioria dos comentadores se mostram escandalizados por uma eventual recuperação salarial dos trabalhadores!

É tempo de repor a justiça social em Portugal. Fazer pagar mais quem mais ganha e mais tem, subir o salário mínimo, acabar com os cortes nos salários e nas reformas e distribuir com justiça as medidas de contenção orçamental eventualmente necessárias ,evitando os impostos indiretos que são os mais penalizantes para os mais pobres!

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