Uma das mistificações da propaganda
da classe dominante, porventura a mais poderosa, é a sua capacidade em corromper
a força dos conceitos, subvertendo-os ou fazendo uma construção ideológica que
lhe convém.
Está neste caso a utilização do
conceito do “liberalismo” no actual movimento de globalização do mercado e a
liberalização de circulação de capitais. A isto chamam de “neo-liberalismo”. E
mesmo nós embarcamos na conversa.
Há uma enorme diferença entre o
liberalismo e o neoliberalismo.
O liberalismo teve como objectivo
“Demolir o sistema das comunidades de oficio e abolir todas as regulamentações
proteccionistas que impedem a livre circulação dos trabalhadores e, pelo mesmo
ato, assegurar a liberalização da economia…” (Castel,1995)
O neo-liberalismo foi o movimento
político que conseguiu a liberalização de circulação do capital, libertando-o
da regulação dos governos nacionais dos países onde sacam os seus lucros.
Com claridade podemos dizer que o
liberalismo libertou os trabalhadores de um sistema ainda feudal, muito embora
fosse uma política que favorecia a revolução industrial e o florescimento do
capitalismo.O neo-liberalismo libertou o capital das normas e regras dos governos nacionais, aproveitando a globalização e a revolução tecnológica.
Esta revolução permitiu a
metamorfose do capitalismo para o “clonismo financeiro”. O capital já não
precisa da economia para se reproduzir e acumular lucros. Reproduz-se a si
próprio, com a invenção dos chamados produtos e veículos financeiros e outras
artimanhas, camuflando-se nas redes virtuais a que chamaram “offshore”. Na
actualidade mentêm-se os dois sistemas, mas é notório que quem domina é já o
sistema emergente: “o clonismo financeiro”.
20/10/2016
José Ricardo
Sem comentários:
Enviar um comentário