PELA VALORIZAÇÃO DA VIDA, DO TRABALHO E DO SALÁRIO!



A comunicação social, em grande parte, silencia os crimes contra a humanidade cometidos contra os líderes de povos indígenas, representantes sindicais ou de associações não governamentais, guardas de parques e reservas naturais.
Segundo informação recente, foram assassinadas, em todas as partes do mundo, até fins de Maio, uma centena dos que defendem a sua terra, os recursos naturais, o seu modo de vida, as suas comunidades. Enquanto isto acontece aos que constituem um baluarte defensivo contra as atrocidades feitas ao clima, nós continuamos bastante distraídos.
Aconteceram crimes contra Berta Cáceres, morta na Guatemala quando se opôs à construção de uma barragem no rio Gualcarque, e contra Isidro Baldenegro López (mexicano, ameríndio), assassinado por lutar contra o corte ilegal de madeira em zonas protegidas. E muitos mais.
Os que assassinam, desalojam, raptam, deixam miséria, poluição, desertificação dos solos, fazem-no a soldo de empresas multinacionais ligadas às petrolíferas, à destruição da floresta e das pastagens, à caça ilegal de espécies protegidas.
(Ver Atlas de Conflitos Ambientais, financiado pela EU).

No que respeita aos salários, a OIT (relatório global sobre os salários de 2016/2017 - www.ilo.org/public/portugue/region/europro/lisbon/pdf/rel_global_salarios_2016_pt.pdf), foca a situação dos salários reais, a nível mundial, que diminuíram nos últimos anos, significativamente. No País, a desaceleração dos salários reais manteve-se constante de 2010 a 2015, com um crescimento sistematicamente abaixo da evolução da produtividade, desde 1999.
Este facto significa que os salários não estão a beneficiar dos aumentos registados na produtividade, e que continua o declínio da parte representada pelos rendimentos do trabalho no rendimento nacional (60% e 51%, respectivamente em 2002 e 2015, em Portugal).
Também as desigualdades salariais se acentuam, associadas a alterações no padrão de emprego e nas condições de trabalho, mormente no que respeita ao aumento do emprego temporário, de estágios, de precariedade e do peso daqueles que, embora empregados, são contabilizados como pertencendo ao grupo dos pobres.
As causas mais fortes prendem-se com o declínio da contratação colectiva do trabalho, a desregulação das forças de mercado e o recuo das políticas públicas.
Urge mudar a situação: apostar na centralidade do trabalho, no combate às desigualdades salariais e sociais que afectam segmentos de trabalhadores - mesmo mais qualificados e os mais jovens - e  na valorização do trabalho como a grande via de realização humana e de construção e sustentação das comunidades.

Impõe-se que tomemos posição, que lutemos para que se faça justiça…
Está em causa a vida, o trabalho.

Avelino Pinto (Julho, 2017)
(com elementos de artigo de Viriato Soromenho Marques e do blogue Areia dos Dias)

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