PRIMEIRO DE MAIO A DUAS VOZES!


Em Lisboa comemorou-se o 1º de Maio a duas vozes como tem sido a tradição.A UGT descendo a Av.da Liberdade e a CGTP subindo a Almirante Reis até à Alameda.
Entre a festa e a reivindicação neste 1º de Maio em ambos os locais se falou da crise e do PEC. Num lado ,UGT, quase não existiram reivindicações no outro, CGTP, foi clara a mensagem que a situação exige meter aceso o clima de contestação.

CGTP Almirante Reis acima

A Almirante Reis fervilhava de gente nos passeios e na Alameda já estavam milhares de pessoas esperando a manif!Eram muitos os que procuravam refúgio do sol que batia forte naquele descampado.Curiosamente alguma carrinhas da polícia de intervenção situavam-se estrategicamente nas ruas adjacentes e na própria Almirante Reis.Algo não visto para os lados onde decorria a manif da UGT!

Música popular e cheiro a febras davam um toque festivo ao ambiente equanto não chegavam os manifestantes que subiam a longa avenida do Almirante...um casal mais afoito tenta um pé de dança mas desiste ao ver que não tem seguidores!
Entretanto ao fundo, nos Anjos aparece a cabeça da manif CGTP com uma pequena banda de música á frente e um slogan ecoa bem alto:"os ricos mais ricos e os pobres a perder,assim não pode ser";"trabalho sim,desemprego não"-curiosamente a única palavra de ordem que se ouviu também na UGT, a única semelhança entre os dois desfiles!

A precariedade é injusta grita um grupo de jovens da Interjovem.Um lote de gente de idade e meia idade vem logo a seguir, muitos ainda com os cravos de Abril nas mãos!
"Quem luta sempre alcança,queremos a mudança" grita uma mulher dentro de uma carrinha toda embandeirada.
Um jovem com a barba por fazer empunha um cartaz com a mítica foto de "CHE".
"Sócrates,escuta os trabalhadores estão em luta" grita agora a voz forte de um homem!A massa humana que se segue repete o slogan a uma só voz.Um homem de meia idade levanta repetidamente o punho direito enquanto repete o slogan com fúria.

"CGTP,unidade sindical" repetem múltiplas vozes o slogan mais repetido na história da Central.
Uma mulher chinesa olha inigmática a manifestação da porta da sua loja comercial.
"Assim não pode ser os ricos mais ricos e os pobres a perder" gritam outros manifestantes cheios de bandeiras do STAL (autarquias).Logo a seguir vem um carro com desenhos onde Sócrates é satirizado.
Como não podia deixar de ser o slogan "Exigimos solução este PEC não" era várias vezes gritado.Será que os manifestantes aceitariam algum PEC?
Aparece um grupo de manifestantes da Função Pública com um cartaz enorme que diz:"Basta de ataques aos nossos direitos".Todavia são muitos os sindicalizados neste sector e apenas ali vão algumas centenas.Já se fizeram manifs do sector com 20 e 30 mil manifestantes.

Novo grupo compacto com pequenos cartazes pedagógicos onde nos explicam que PEC significa Plano de Exploração Capitalista
Uma jovem turista sorridente fotografa duas senhoras idosas que apreciavam a manifestação da sua janela.
Aparece finalmente um numeroso grupo de jovens precários do MayDay que fecham a manif com vários cartazes e brincadeiras...um cartaz dizia "Direito à revolta".

UGT desfila quase sem reivindicações

Já passavam das 15 horas quando a frente da manif UGT arrancou da Rotunda do Marquês.Alguns manifestantes desciam entretanto a Avenida e outros curiosos (poucos) procuravam uma sombra para melhor verem o desfile.O primeiro grupo de bombos vinha logo na frente com uma grande faixa que dizia" contra o desemprego por melhores salários".Os manifestantes faziam imenso ruído com os apitos e seguiu-se um grande grupo de jovens da escolas profissionais da UGT.
Depois mais grupos de bombos, aliás, uma constante neste desfile onde os grupos deste tipo e de folclore seriam uma parte substancial dos manifestantes.
Trabalho sim, desemprego não" eis o tal slogan que também apareceu na manif da CGTP .E as reivindicações da UGT pouco mais adiantaram.

Como sempre o grosso do desfile era composto pelos sindicatos do sector financeiro.A maioria porém é de gente que já não trabalha efectivamente na banca.Estes apenas tinham uma interrogação como reivindicação "Porque é que a Banca não paga as horas extraordinárias?"Querem apenas saber ou querem que sejam pagas?Não se percebe!

Mais uma vez Maio foi a duas vozes.Nem numa altura em que o capitalismo mundial está a recuperar da crise atacando os países mais fracos e nestes as classes trabalhadores se consegue a unidade.O momento exige passos qualitativos nas lutas dos trabalhadores.Os sindicalistas terão que ler o momento político e dar esses passos.

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