A confusão de conceitos é uma das principais estratégias das classes dominantes, para naturalizar as diferenças e justificar as injustiças. As diferenças são, assim, naturais e são um impulso genuíno dos seres humanos. Este impulso é manipulado para enfraquecer um direito social colectivo “A igualdade”, enquanto direito inerente à condição de pessoa. É assim que é frequente ouvir pessoas muito conceituadas defenderem que” a igualdade é impossível e perversa”, “só a concorrência promove o crescimento”, “a diferença é da natureza de cada um”, etc. Talvez por isso a luta contra as desigualdades parece que nunca tem um fim. Talvez tenhamos que aprender que não podemos comparar coisas que são diferentes. Uma coisa são os impulsos individuais e outra são direitos sociais e colectivos. Como nenhum homem pode sobreviver sozinho, como defender e viver com direitos sociais colectivos que respeitem a identidade?
Economia sem rosto
Esta expressão, usada pelo Papa Francisco, vem ao encontro do que temos defendido há alguns anos. O capitalismo anónimo, acantonado em paraísos fiscais, protegido por leis fabricadas pelos parlamentos democráticos mas compostos por deputados que são meras marionetes do poder do dinheiro, é de facto o problema fulcral da sociedade actual e geradora das crises por que passamos. Clamar que este sistema possibilita a existência de manipuladores sem ética é equivalente a lágrimas de crocodilo. Um sistema que assenta na exploração do homem não pode constituir a nossa utopia e não basta proclamar que as outras alternativas eram totalitárias. Esta não é? A obrigatoriedade pela transparência da propriedade financeira é um ponto principal que devemos colocar na agenda da nossa ação. Pelo menos para controlar os seus efeitos mais perversos, até que os seres humanos encontrem soluções de vida em comum mais cooperativas e justas.
josé Ricardo dirigente associativo e membro da Comissão para os Assuntos do Trabalho fa Base-FUT
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