Pierre Marie,universitário frances a viver e a investigar em Coimbra, enviou-nos um breve e interessante resumo de uma conferencia de Marcos Ferraz proferida na Faculdade de Economia daquela cidade sobre um tema que merece uma maior atenção dos sindicalistas portugueses:
No dia 19 de Dezembro de 2013, Marcos Ferraz, doutorado em Sociologia pela Universidade de São Paulo, apresentou uma conferência intitulada “Economia Solidária e Sindicalismo: desafios para uma cidadania pos-salarial”, na Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra (FEUC). No seu trabalho, Marcos Ferraz estuda o caso da Central Unica dos Trabalhadores (CUT) (http://www.cut.org.br/) para tratar os relacionamentos entre a prática sindical e a defesa da economia solidária e social.
Principal confederação sindical brasileira, a CUT nasceu em 1983 e carateriza-se pela sua postura reivendicativa com vista a desenvolver uma “cidadania salarial”. A decada de 1990 e a entrada na globalização fragilizou o mercado do trabalho brasileiro e fez crescer um desemprego mais estrutural. No campo sindical, a CUT conheceu, em 1997, uma mudança interna, integrando a economia social no seu caderno reinvindicativo.
A dificuldade a integrar a totalidade da população no regime do assalariado com a crise economica influenciou as posições cutistas. A constituição de cooperativas apareceu como uma maneira de salvaguardar empregos em risco. Em 1999 é fundada a Agência de Desenvolvimento Solidario (ADS) com vista a promover a constituição de cooperativas como meio de buscar “formas alternativas de inserção social” (http://www.cut.org.br/estrutura/57/entes).
Na sua tese, Marcos Ferraz analisa as evoluições deste novo projeto cutista, a favor da economia social. Durante a conferência, foram exprimidas algumas linhas de reflexão sobre o relacionamento entre sindicalismo e economia social, como o caso da solidariedade. Enquanto a CUT cresceu como representante dos interesses das classes trabalhadores, defendendo mais direitos associados ao emprego, esta solidariedade entre membros de uma mesma classe social é mais difusa no caso de uma cooperativa. As necessidades de procurar financiamentos e de sustentar a cooperativa podem enfraquecer a solidariedade inerente ao sindicalismo. A definição de uma “cidadania nao-salarial” mobilizou o projeto cutista desde a final da decada de 1990.
Segundo Marcos Ferraz, com a chegada ao poder do Lula e o crescimento economico, a organização voltou a um papel mais tradicional de trabalho sindical. Esta apresentação e o debate a seguir permitiram definir linhas de reflexão sobre a ligação, pouco estudada, entre o projeto de inclusão do sindicalismo e o desenvolvimento de uma economia solidaria. O caso brasileiro mostra a necessidade de repensar o sindicalismo, com vista a integração de todos os trabalhadores: assalariados, membros de cooperativas, precarios bem como os desempregados. Parece também importante de reformular a economia social e passar de uma postura defensiva em relação as cooperativas, como maneira de preservar os trabalhadores sob a ameaça do encerramento das empresas, a uma maneira de criar alternativas a economia capitalista.
PIERRE MARIE
Principal confederação sindical brasileira, a CUT nasceu em 1983 e carateriza-se pela sua postura reivendicativa com vista a desenvolver uma “cidadania salarial”. A decada de 1990 e a entrada na globalização fragilizou o mercado do trabalho brasileiro e fez crescer um desemprego mais estrutural. No campo sindical, a CUT conheceu, em 1997, uma mudança interna, integrando a economia social no seu caderno reinvindicativo.
A dificuldade a integrar a totalidade da população no regime do assalariado com a crise economica influenciou as posições cutistas. A constituição de cooperativas apareceu como uma maneira de salvaguardar empregos em risco. Em 1999 é fundada a Agência de Desenvolvimento Solidario (ADS) com vista a promover a constituição de cooperativas como meio de buscar “formas alternativas de inserção social” (http://www.cut.org.br/estrutura/57/entes).
Na sua tese, Marcos Ferraz analisa as evoluições deste novo projeto cutista, a favor da economia social. Durante a conferência, foram exprimidas algumas linhas de reflexão sobre o relacionamento entre sindicalismo e economia social, como o caso da solidariedade. Enquanto a CUT cresceu como representante dos interesses das classes trabalhadores, defendendo mais direitos associados ao emprego, esta solidariedade entre membros de uma mesma classe social é mais difusa no caso de uma cooperativa. As necessidades de procurar financiamentos e de sustentar a cooperativa podem enfraquecer a solidariedade inerente ao sindicalismo. A definição de uma “cidadania nao-salarial” mobilizou o projeto cutista desde a final da decada de 1990.
Segundo Marcos Ferraz, com a chegada ao poder do Lula e o crescimento economico, a organização voltou a um papel mais tradicional de trabalho sindical. Esta apresentação e o debate a seguir permitiram definir linhas de reflexão sobre a ligação, pouco estudada, entre o projeto de inclusão do sindicalismo e o desenvolvimento de uma economia solidaria. O caso brasileiro mostra a necessidade de repensar o sindicalismo, com vista a integração de todos os trabalhadores: assalariados, membros de cooperativas, precarios bem como os desempregados. Parece também importante de reformular a economia social e passar de uma postura defensiva em relação as cooperativas, como maneira de preservar os trabalhadores sob a ameaça do encerramento das empresas, a uma maneira de criar alternativas a economia capitalista.
PIERRE MARIE
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