Em Novembro deste ano, no âmbito do 40º aniversário da BASE-FUT, será apresentado um livro sobre os contributos desta organização ao movimento sindical português. Fernando Abreu é dos principais obreiros desta obra acompanhado por uma equipa de investigadores com relevo para Avelino Pinto Professor Universitário e formador e ainda José Vieira, sociólogo especializado nas questões ligadas á oposição católica durante a ditadura.
As edições Base publicaram em 2004 um primeiro livro sobre o trajeto cultural e social da BASE-FUT. Porém, neste livro, que agora se prepara, aprofunda a dimensão sindical que foi, e ainda é hoje, o centro de atividade desta Organização.
Fernando Abreu, que fez recentemente 80 anos, foi certamente um dos sindicalistas da chamada área católica mais influentes no movimento sindical português, em particular dos anos 60 a 80 do século XX. Chegou a receber a condecoração de mérito industrial das mãos do Presidente da República General Eanes (segundo mandato). Foi o principal obreiro das Edições «BASE» e diretor da revista «Autonomia Sindical», publicação que foi considerada a melhor no seu género em Portugal.
Na década de sessenta e setenta o Fernando Abreu foi decisivo na organização e atividade do Centro de Cultura Operária (CCO), organismo dos movimentos operários católicos, na formação de militantes operários e na estratégia geral desta área relativamente á formação da Intersindical.
Mais tarde a após a Revolução dos Cravos e como dirigente da BASE-FUT Fernando Abreu desenvolveu intensa atividade nos sindicatos dos escritórios e no debate intenso sobre a unicidade sindical, defendendo a unidade dos trabalhadores numa só central sindical onde as diferentes correntes pudessem conviver sem fraturar o movimento sindical português.
Esse combate desembocou no Congresso de todos os sindicatos em 1977 que permitiu uma maior abertura da CGTP mas não evitou a criação da UGT para onde passaram alguns militantes da BASE-FUT. No seio da Confederação Mundial do Trabalho Fernando Abreu representava frequentemente a BASE-FUT desde os tempos da clandestinidade. Ali defendeu sempre, e com outro sindicalista, Joaquim Calhau, também da BASE- FUT, a unidade do movimento sindical português e a adesão da CGTP á Confederação Europeia de Sindicatos.
Esta posição,muito específica de Portugal, não era fácil pois ainda eram alguns os sindicatos europeus da corrente cristã que colocavam reservas á CGTP por ter um grande predomínio comunista. Na conferencia pelo socialismo autogestionário realizada no Porto pela BASE-FUT em 1978, Fernando Abreu apresentou uma das teses sobre a articulação entre sindicalismo autónomo de base e de classe e socialismo autogestionário . Em plena ditadura brasileira, na década de oitenta, Fernando Abreu foi convidado pela oposição sindical brasileira para fazer trabalho sindical durante um mês naquele país. Foram vários os livros das «Edições Base» que foram distribuídos no Brasil.
1 comentário:
Dos anos passados guardo uma grande admiração por todos estes e outros que acompanhei em Lisboa e em Coimbra.Momentos bons de honestidade intelectual e defesa de princípios. Ainda tenho na memória o calor do debate do Congresso da Foz do Arelho.
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