«…Em 2011, o mundo presenciou um aumento significativo de movimentos de protesto
político e social de jovens em
todo o mundo, com os jovens reclamando por
"empregos, liberdade e justiça social". As queixas dos jovens
relativas às taxas de
desemprego elevadas e a um
regime autoritário na Tunísia constituíram uma das maiores
faíscas da primavera árabe em
2011. Os jovens também foram proeminentes na
ocupação da Praça Tahrir, no
Cairo, que precipitou a queda do regime no Egito. A falta
de oportunidades de trabalho
produtivo, juntamente com as aspirações de liberdade
política, justiça social e um
melhor futuro económico, foram fatores importantes que
alimentaram os protestos. Em
ambos os casos a mobilização inicial e a organização
posterior do movimento
apoiaram-se fortemente na utilização da Internet e redes sociais,
evidenciando o envolvimento significativo dos jovens.
3. O espírito de protesto dos
jovens teve de imediato repercussão em vários países
industrializados mais afetados
pela crise económica. Em Espanha, o movimento dos
indignados e a ocupação da praça Puerta del Sol em Madrid, mobilizou
os jovens em
todo o país, em protesto contra
a gestão da crise económica pelo establishment político
a que se seguiu um aumento catastrófico do desemprego jovem. Uma das
reivindicações
centrais do movimento dizia
respeito à necessidade de formas mais participativas
de democracia, refletindo o sentimento da geração mais jovem de marginalização
e
exclusão económica e social. O
movimento logo se espalhou a outros países europeus,
nomeadamente, à Grécia, onde os
protestos foram inicialmente dirigidos contra o programa
de austeridade.
4. Em setembro de 2011, o mesmo espírito espalhou-se aos Estados Unidos, na
forma de movimento “Occupy Wall
Street”. Centrado na ocupação da Praça Zucotti
perto de Wall Street na cidade
de Nova Iorque, o alvo principal do protesto foram as
instituições financeiras cuja ganância e irresponsabilidade foram vistas
como tendo
desencadeado a crise financeira global em 2008. Mas a maior reivindicação
subjacente
foi para a reforma de um
sistema económico e político que estava a criar desigualdades
extremas de riqueza e
rendimento a prroteger os interesses dos muito ricos – ou seja 1
por cento da população - em
detrimento da grande maioria da população – ou seja 99
por cento. Os protestos logo se
espalharam a partir de Nova Iorque a outras grandes
cidades americanas.
5. Manifestações similares
lideradas por jovens contra a injustiça económica surgiram,
entre outros países, em Israel
e no Chile. No Chile, estudantes universitários e
do ensino secundário têm estado
envolvidos num vasto movimento de protesto contra
as desigualdades sociais de um
sistema de educação essencialmente privado e voltado
para o lucro, em vez de para a
igualdade de oportunidades. Na mesma linha, houve
protestos estudantis em massa no Reino Unido contra o triplicar das
propinas universitárias,
uma vez que o Governo fez
grandes cortes no orçamento do ensino superior.
Estes protestos de jovens, que
vão desde o movimento dos indignados aos "Occupy
Wall Street", " Occupy All
Streets" e " Occupy Together" tiveram lugar em mais de
1.000 cidades e 82 países no outono de 2011.
6. Seria um erro caracterizar
todos estes movimentos como uma reação dos jovens
no mundo inteiro para a falta
de oportunidades de emprego, uma vez que existem diferenças
significativas nas circunstâncias específicas nacionais que deram origem
aos
protestos. Por exemplo, a
procura de um regime democrático teve um papel muito importante
na primavera árabe, embora esse
aspeto não estivesse no centro dos protestos
nas democracias ocidentais. No
entanto, é claro que as frustrações dos jovens sobre a
falta de oportunidades de
emprego e as suas angústias profundas quanto às perspetivas
da sua vida futura se
destacaram entre os fatores que estimularam a onda de protestos
dos jovens em todo o mundo,
amplamente expressas e espalhadas pela Internet e as
redes sociais. As suas
preocupações são claras: O que vou eu fazer? Qual vai ser o meu futuro?...»
Relatório para Conferencia Internacional do Trabalho 2012
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