Agostinho da Silva chamava-nos á atenção para a
mobilização das forças populares e individuais em torno de objetivos coletivos
com vista á satisfação de todos, porque é assim que faz o caminho mais curto
para poderem ser atingidos.
No balanço dos últimos últimos anos há um sentimento
de que a sociedade caminha no sentido da redução da democracia plena pela falta
de participação e o seu não aprofundamento. Há mesmo uma regressão em relação ao
25 de Abril principalmente na classe média que sofre as pesadas consequências do
modelo neoliberal de mau estar e do engrossamento da pobreza e de exclusão
social.
Este fator é uma das principais razões que gera descrença
e desmotivação, provocada pelas políticas já aplicadas pelos sucessivos
governos. Há uma lista de excluídos da participação que é sobretudo composta
por desempregados, idosos e por uma grossa maioria dos jovens sem qualquer
espaço para a sua opinião e intervenção.
O aparecimento
da desmotivação aponta em vários sentidos todos eles nefastos. Por exemplo os jovens estão privados
de informações úteis para o aprofundamento e compreensão da politica, sendo
empurrados para se preocuparem só com o seu dia-a-dia criando uma ansia de
vivê-la sem mais nada.
Tudo isto é preocupante e traz uma multiplicação da desmotivação
e desorientação que estão a provocar um enorme conformismo apesar de ainda
haver muita organização da sociedade em áreas sociais solidarias como no muito
voluntariado. Mas este, só por si, não gera ondas mobilizadoras de consequências
políticas alternativas ao modelo de sociedade.
As classes médias têm sido as mais visadas mas também
são as que menos se envolvem. Elas estão no desemprego, estão cheias de
impostos, estão a perder qualidade, mas a sua grande preocupação ainda está perante
os encargos económicos como são os pagamentos dos créditos da casa e do carro,
em levar as crianças á escola e no ganhar dinheiro com duplo emprego, horas
extra etc. No entanto, saberão que sem haver mudança um futuro mais harmonioso
estará comprometido.
Porque se descrê tanto? Certamente falta-nos uma
participação mais ativa para nos sentimos verdadeiramente representados. Há
mesmo o sentimento de que somos constantemente enganados até pelo fato não nos
deixarem participar nem escolher os nossos candidatos a todas nas eleições e a
quem possamos pedir contas e não somente a um partido. Tiram-nos os direitos básicos
da democracia.
Em todas as eleições a democracia, para ser realmente
participativa, quem deve decidir naturalmente é o povo soberano, em sufrágio.
Mas a condição fundamental para uma decisão consciente é o debate público,
igual em oportunidades, amplamente participado pelas populações em espaços abertos
e sobretudo no acesso aos «média» em pé igualdade.
Está a nascer a esperança
Com dificuldade está a nascer alguma esperança que virá
possivelmente com o nascimento de novos movimentos e novos partidos. Muito povo
desiludido já não acredita muito mas ainda há desejos e mudanças e novidades politicais
estando á espera que algo de verdadeiramente novo aconteça por nós não
deveremos de ficar parados a ver mas façamos alguma coisa.
A democracia está degradada sobretudo pelos grandes
interesses económicos e ideológicos de direita. Cresce a desconfiança dos
cidadãos no presente sistema político e transforma-se em abstenção eleitoral. A
austeridade e o empobrecimento e as desigualdades aprofundam a descrença de
muitos cidadãos e favorecem as tendências de abandono e desmoralização na
relação com os partidos, sobretudo os da rotatividade no chamado bloco da
governação.
A democracia participativa é uma possível alternativa,
passando esta por uma maior participação principalmente com os novos movimentos
e com os partidos de esquerda que se ativem com as populações. As alternativas
passam por mais informação mais formação e mais poder popular do cidadão. Só assim
se contrariará o atual poder económico e político de cariz neoliberal. Temos
que nos interessar e concentrar nos verdadeiros interesses das pessoas e isso
passa por um novo modelo de desenvolvimento e de sociedade É através do poder
politico e popular que se imporá aos chamados mercados outras regras que
protejam o primado os direitos humanos e não a ganancia do lucro e do capital
mesmo que este seja moderado e não o de origem selvagem em que vivemos.
JOÃO LOURENÇO
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