TRABALHO POR TURNOS COM NOVA LEI?



Por Jorge Santana*

O projecto de lei do Bloco de Esquerda (Nº 496 de 11 de Abril de 2017), sobre o alargamento de protecção social aos trabalhadores em regime de turnos está em sintonia com o que foi apresentado pelo Partido Comunista (Nº 508 de 21 de Abril de 2017). Também este com muitas propostas muito parecidas com o do Bloco. É sempre bom que haja alguém que olhe por estas coisas do mudo do trabalho, parece-me que os políticos são muito pouco sensíveis em relação a este aspecto da organização do trabalho. E seria uma questão de inteira justiça e reconhecimento de quanto é penoso trabalhar neste regime de laboração continua.
Não é a primeira vez que estes partidos apresentam estas propostas. Já no passado o Bloco apresentou em 2006, um projecto de lei similar a este. Não tão fundamentado quanto este mas a focar as razões mais que justas e correctas para tal alteração. Contudo está bem apresentado e com fundamentação apoiada em estudos científicos para que não haja dúvidas sobre os malefícios que os turnos provocam nos trabalhadores.
Estou à vontade para falar sobre este assunto pois foi sobre este objecto de estudo que apresentei o meu trabalho final da minha licenciatura em sociologia. Incidiu mais no aspecto social e familiar dos trabalhadores enquanto o trabalho de Isabel Soares da Silva, da Universidade do Minho incidiu sobre as perturbações que os turnos provocam em três áreas. Primeira área é sobre a saúde, inclui todos os problemas fisiológicos provocados pelos turnos. Estes podem ser o sono ou a falta dele, risco acrescido de perturbações no sistema cardiovascular. Risco acrescido de doenças no sistema gastrointestinal, entre outros. A segunda área é sobre a vida familiar e social, tal como o meu trabalho académico as conclusões foram idênticas. Posso realçar algumas como conflito nos papéis parentais, conflitos nos papéis conjugais daí resultando uma taxa muito superior de divórcios em relação a outros trabalhadores com horário normal. E por ultimo no contexto organizacional, onde o desempenho tende a ser menor, especialmente em tarefas que exigem trabalho físico, com risco acrescido de erros ou acidentes.

Se o projecto de lei não passou em 2006, com o PS de Sócrates no governo. Hoje com o governo da geringonça, PS com o apoio do Bloco e PC poderá passar. Vamos ver o que irá acontecer quando estes projectos de lei forem a votos na assembleia da república.

*Sindicalista
e membro da Comissão para os Assuntos do Trabalho da BASE-FUT

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