Por Fernando Abreu
O presente texto aborda a intervenção de (e
não dos) católicos no sindicalismo português que, como se verá, em razão da
mesma fé, teve por motivação a promoção dos direitos e interesses dos
trabalhadores, todavia com recurso a meios organizativos diferenciados e
objetivos sociopolíticos distintos. Se, além das organizações mencionadas,
outras não são referidas, tal não é devido à intenção de lhes retirar
visibilidade, mas tão só ao facto de não terem sido reconhecidas como tendo influência
no desenvolvimento do sindicalismo em Portugal.
Na sequência da primeira Revolução
Industrial, embora com decénios de atraso em relação à maioria dos países
europeus ocidentais, teve início em Portugal o processo de industrialização,
que se desenvolveu na base dos novos equipamentos movidos a vapor, mas
sobretudo na exploração dos trabalhadores sujeitos a salários de fome, horários
de 10 a 14 horas diárias, despedimentos abusivos e trabalho infantil.
Independentemente de opções religiosas ou
políticas, o deus do novo patronato de origem burguesa era o lucro; para tal,
contava com a inexistência do direito de associação e a falta de regulamentação
do trabalho, bem como com a disponibilidade dos governos para reprimirem, não
raras vezes violentamente, as reivindicações, os protestos, as manifestações e
as greves dos trabalhadores.
As consequências de tão degradantes
situações fizeram-se sentir de forma gravosa a nível social, moral e religioso,
perante o silêncio da hierarquia da Igreja.Ver texto na integra.
Sem comentários:
Enviar um comentário