M. foi convidada a participar no Encontro promovido pela Comissão para os Assuntos do Trabalho da BASE-FUT que teve lugar no passado dia 10 na Marinha Grande.Por motivos pessoais não pôde participar.Todavia M. trabalhadora num grande grupo empresarial portugues, mandou uma mensagem que publicamos, embora pedindo o anonimato.Destacamos uma parte dessa mensagem:
«....Agradeço que se a minha visão está deturpada perante isto que me digam. Tanta coisa que se vê que não é justa, nem correcta, nestes pequenos reinados das empresas que pertencem ao grupo.
Então, se um coordenador vai fumar de 2 em 2 horas, e demora 20 minutos, entra às 10 h da manha, e sai depois as 19h00 ou 19.30 h, que produtividade têm estes homens com quarenta e poucos anos após um dia de trabalho? E outro que quando chega de manhã, abre o PC no rés - do - chão e sobe ao 1º andar para fazer o aperto de mão e bom dia a todos os gabinetes?
E a procissão do fim do dia, a partir das 18.30, até o gabinete do chefe?
Homens que choram no trabalho!
E o desprezo, e chamo desprezo ao trabalho de pessoas com 35 e mais anos de casa, quando lhes dizem que não há trabalho e tem que ficar na central sem nada para fazer, dias seguidos sem lhes dar qualquer justificação, ou são convidados a sair …… E os vencimentos cortados, porque estão na forma de subsidio, mas só desde de determinado escalão. Há pessoas com as despesas feitas a contar com aquele dinheiro, subsídios que tem 10 e 20 anos no recibo. Homens com 55 anos a chorarem, pela falta de dignidade com que são tratados!
O mau ambiente entre colegas, a dança da cadeira, como costumo dizer …a intriga….
Se tudo isto acontece agora, no futuro será ainda mais grave, penso eu.
O que se passa mais grave é realmente retirar vencimento (subsidio), que conjugado com o aumento dos transportes, implica alguma dificuldade.
O que vai acontecer é uma corrida aos anti-depressivos, para podermos trabalhar sem os nosso princípios que os nossos pais nos deram, já não existem, parece mal… quanto mais sacaneares o outro mais inteligente….
Aquela mentalidade de fazer o trabalho, já não existe….temos de safar a nossa pele, se não é nosso, quem vier que feche a porta, ou então ser o mais profissional possível, para o trabalho ser bem feito, mas, os mais profissionais e correctos, são sempre os que não são reconhecidos …….
Retiram-se vencimentos, mas fazem-se obras desnecessárias de luxo……e compram-se carros topo de gama……para alguns ….
Peço desculpa pelo desabafo, é mesmo a deitar fora, porque considero uma afronta a quem gosta de trabalhar, e ser correcto com o seu colega de trabalho.
Vida familiar e profissional
Já que no programa também refere os idosos, esse é outro grande problema, porque o escalão etário dos 50 anos, tem normalmente um idoso a cargo, e conjugar as idas ao hospital ou ao médico, com os horários de trabalho, não é tarefa fácil.
No meu caso, da parte dos superiores, não tenho razão de queixa, mas da parte dos colegas não foi, nem é, nada agradável, porque o que é usado é a intriga e as conversas de corredor perto dos gabinetes dos chefes. E o tal bullying de que agora é moda falar-se, existe. A nossa formação tem de ser superior a isto e, penso eu não devemos ter medo, mas tudo passa também pela sorte.
Agrava-se porque os apoios sociais são poucos, mesmo sendo os lares de apoio diário numa media de 220 €/mês, para o idoso que não pode estar só em casa, e chega as 17 h, tem de ficar só mais 3 h , ou então será outra despesa pagar a alguém que tome conta .
Quer haja muitos irmãos ou pouco o problema mantém, os nossos horários não estão preparados para estes problemas, trabalhamos longe, ou se era perto mudaram-nos para mais longe de casa. Caso vá para um lar a tempo inteiro, a despesa mensal vai de 700 € até 1000€. E se fica acamado, então piora. Os apoios sociais existentes (Lares) são no sentido do lucro. O idoso pode viver so, mas eles querem o IRS dos filhos. A reforma de 300 € dá para pouco e os ordenado são baixos para suportar essa despesa, isto para um português medio, que passou a classe media baixa com todos os cortes no vencimento.
Espero poder colaborar mais vezes, e estar presente.
Se o que escrevi não servir de nada, não tem importância, mas há muita gente nestas situações.
Não há com quem falar, porque se criou um status de parecer bem.
Já me disseram “ não posso dizer que tenho pouco dinheiro a ninguém….parece que só eu é que estou assim…”, respondi que eu também. Mas o que se passa é aquela mentalidade do ter. Eu respondi, se os tempos são difíceis teremos de ser mais unidos!
lutem sempre....»
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