LEVANTAMENTO DO 31 DE JANEIRO DE 1891

Sem grandes táticas militares decidiu-se escolher aquele dia para a revolução. Os de Lisboa estavam indecisos, embora a revolta fosse grande contra os ingleses e a cobardia da monarquia perante o ultimato humilhante que tinha ocorrido há precisamente um ano! Há muito que alguns escondiam as armas nos sótãos para o dia do juízo final contra a corrupção, a opressão e a miséria generalizada.
 Pelas duas da manhã um magote de gente, constituído por centenas de militares e populares, pegou em armas e dirigiu-se, ao som da« Portuguesa», para o centro da cidade do Porto, Praça da Batalha, tendo como objetivo a casa dos correios e telefones. Para os revolucionários o dia seria luminoso e a República, a grande utopia, seria implantada a partir do Porto. As balas da guarda municipal afeta á Monarquia, bem colocada no cimo da rua de Santo António, travaram a marcha popular deixando logo ali mais de uma dezena de mortos e quatro dezenas de feridos, alguns em estado bem grave! O sangue tingiu mais uma vez o solo da capital nortenha na luta pela liberdade. Ao nascer do sol teve início o julgamento dos revoltosos civis e militares que se deram conta do esmagamento total da sua iniciativa. Rezam as crónicas que foram julgados mais de 500 militares, para além de numerosos civis. Foram muitos os populares que escaparam á prisão porque conheciam os recantos da cidade. Ao largo do porto de Leixões estavam os barcos que levariam os condenados. Alguns nem tempo tiveram para se despedir de filhos e mulheres. Embora tristes, estes dias foram o anúncio da República esperada! República que, apesar dos seus avanços sociais e políticos, viria a ser madrasta para o movimento operário e sindical. A rua 31 de janeiro está no Porto para testemunhar estas memórias de um povo! Em Lisboa temos o Mercado 31 de janeiro! As pedras não falam, as ruas não contam…mas temos registos, temos memórias!

Sem comentários: